Alane Dias, que deixou ontem o BBB 24, não recebeu muito bem a notícia de que seria a última eliminada da edição. No que parecia um surto, a atriz gritava e esperneava dizendo: “Desculpa, mãe”.
Foi o quanto bastou para que a mãe levasse hate pesado nas redes sociais. Os ataques acusavam-na de ser narcisista, pressionar a filha a ser perfeita, ser uma péssima mãe, enfim.
A atriz se manifestou tentando combater os ataques ao dizer que sempre teve uma ótima relação com a mãe – e nem mesmo isso serviu para que as pessoas parassem de meter o bedelho na família dos outros.
Me espanta que as pessoas inventem tanto a respeito umas das outras, sem saberem absolutamente nada sobre o que estão falando. Elas são tão perversas na internet que permitem-se atacar quem consideram merecer sem qualquer fundamento além de um julgamento raso e, por que não dizer, violento.
Não admitem que a decepção da ex-bbb era apenas não conseguir cumprir o que prometera a sua mãe, não admitem que isso seja apenas amor entre mãe e filha. Na terra do ódio – o cyberespaço – não cabe o amor.
O mais revoltante nesse fato é como se torna gritante o ódio que a sociedade tem das mães.
Sim, ódio.
Nosso país – e grande parte do mundo – odeia as mulheres e odeia ainda mais as mães, colocando-lhe sobre os ombros um peso que não precisariam carregar.
As empresas evitam contratar mães porque julgam que serão menos capazes por terem que enfrentar uma jornada dupla. As pessoas olham feio para a mãe se a criança começa a chorar. Até amamentar em público virou pauta, como se isso fosse da conta de qualquer pessoa que não seja da própria mãe.
A verdade é que a sociedade está sempre pronta pra julgar uma mãe:
Se conciliam a maternidade com a carreira, são egoístas. Se dedicam-se integralmente aos filhos, são preguiçosas; Se divorciam do pai da criança, são insensíveis; Se permanecem no casamento em prol dos filhos, são covardes; Se corrigem a criança em público, são agressivas; Se não corrigem, são mães relapsas; Se preocupam-se além da conta com os filhos, são controladoras; Se os deixam livres, são irresponsáveis.
E mesmo quando um homem erra, sobra pra a mãe: “mas que filho da puta!”
Penso que é por isso que a culpa materna – conceito cada vez mais comum nos estudos sobre maternidade – existe e a culpa paterna, não. Pais não são tão cobrados, e ficam, portanto, confortáveis na posição de precisarem apenas fazer o mínimo.
O motivo para que tantas mães se sintam culpadas e fracassadas é, sem sombra de dúvida, a cobrança excessiva – tanto da sociedade para com elas, quanto delas para consigo mesmas.
Um mundo que comporta um movimento absurdo como o “Child Free” (que consiste basicamente em odiar crianças, e é, inclusive, pauta no feminismo radical), não está pronto para acolher crianças – muito menos suas mães.
A maternidade, que deveria ser um momento sublime na vida de uma mulher, é demonizada de todas as formas, ainda que sutilmente. A sociedade esqueceu – ou nunca recordou – que chegamos a esse planeta no útero de nossas mães, que deveriam, portanto, ser sagradas.
Entretanto, essas mulheres não só não contam com o reconhecimento da sociedade à qual pertencem, como são, muitas vezes, punidas e excluídas por realizarem o exaustivo e invisibilizado trabalho de cuidado.
As mulheres que geram uma criança estão, em geral, dando o seu melhor para a tarefa mais importante da vida que é gerar outro ser humano.
Deixem as mães em paz.