Folha, Estadão e Globo esconderam de seus leitores o nome do procurador que levou a juíza Gabriela Hardt a correr o risco de fazer coisas erradas, que podem agora condená-la e até afastá-la da magistratura.
Os três jornais noticiaram a decisão do ministro Luís Felipe Salomão, corregedor nacional de Justiça, de afastar a juíza, um juiz e dois desembargadores das suas funções por suspeitas de delitos graves como magistrados lavajatistas.
Mas camuflaram quem induziu a juíza a falhas que podem caracterizar mais de um crime, ao avalizar, em 2019, uma ideia do procurador que chefiava a força-tarefa de Curitiba na caçada a Lula.
A juíza errou porque um procurador a atraiu para a trama que o CNJ indica, com indícios e provas, ter sido parte de um esquema criminoso.
O nome omitido é o do famoso ex-procurador e ex-deputado Deltan Dallagnol, que deveria estar logo no começo dos textos, ao lado dos nomes de Salomão, de Gabriela Hardt e dos outros três afastados das funções pelo CNJ.
São eles o juiz Danilo Pereira Júnior, que atuou no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) e é o atual titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, e os desembargadores Thompson Flores e Loraci Flores de Lima, ambos do TRF-4.
O juiz Pereira Júnior e os desembargadores são acusados de descumprimento de decisões superiores, do Supremo Tribunal Federal. E a juíza enfrenta a acusação mais grave, de conluio com Dallagnol na trama para criação da fundação para “combate à corrupção” com R$ 2,5 bilhões provenientes de multas aplicadas à Petrobras.
É a juíza quem autoriza – ao substituir Sergio Moro, que foi trabalhar para Bolsonaro –, Deltan Dallagnol a tentar se apropriar do dinheiro para criar a fundação.
É Deltan Dallagnol quem aparece em todas as informações desde o começo da tentativa de criação da fundação tabajara bilionária. É com ele que a juíza interage, segundo Salomão.
Foi Dallagnol quem admitiu que liderava, como chefe da força-tarefa, a ideia de criar, nos esgotos da República de Curitiba, a tal ONG com dinheiro que deveria ter sido recolhido aos cofres públicos.
A armação só não prosperou porque a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, impediu a negociata, pedindo que o Supremo decidisse sobre o caso.
O ministro Alexandre de Moraes determinou que a entidade não deveria ser criada, interrompendo uma iniciativa que levaria à formação da que seria uma das fundações mais ricas do planeta.
Pois o nome de Dallagnol, omitido pelos jornalões, deveria estar ao lado dos nomes citados, porque o rolo da fundação não pode ser tratado como impessoal.
O mecanismo protetor de lavajatistas, acionado pelas corporações de mídia, sabe que não foi do Ministério Público, como projeto coletivo e institucional, a ideia de criar a fundação, como anunciaram Globo, Folha e Estadão, escondendo o nome de Dallagnol.
Foi Deltan Dallagnol quem liderou e arquitetou o plano e o formalizou, com o aval da juíza. É Dallagnol quem deve ser investigado também nesse caso, se a PGR levar adiante um pedido do MP do Paraná para que ele esclareça sua participação nessa empreitada.
O único dos três jornais a citar o nome de Dallagnol foi o Estadão, mas apenas quando reproduz trecho da decisão tomada pelo juiz Salomão. Informa o Estadão:
“Um dos pontos citados para o afastamento é que, em depoimento, a magistrada admitiu ter conversado “informalmente” com o ex-procurador Deltan Dallagnol sobre um pedido de homologação de acordo entre a Lava-Jato e a Petrobras. Hardt depois homologou o acordo”.
O Estadão só cita Dallagnol porque o procurador foi citado pelo juiz. O jornal deveria informar logo ao seu leitor que o sujeito é o criador da criatura, num conjunto de ilegalidades que podem, segundo o corregedor, envolver corrupção, peculato e prevaricação.
Iriam cometer peculato pela apropriação de valores ou bens públicos que estavam sob a posse de servidores federais, no caso a dinheirama da Petrobras. E a juíza prevaricou por ter se omitido, como servidora, ao não denunciar e evitar a trama de Dallagnol.
Salomão deixa claro que o acordo para que Dallagnol criasse a fundação com dinheiro da Petrobras fazia parte da estratégia para constranger a estatal a pagar multa por eventuais perdas de acionistas. Tudo teria sido feito pensando na tal fundação.
Além de Gabriela, Dallagnol e dos juízes do TRF4, também Sergio Moro vai enfrentar situação difícil, com o julgamento de conclusões de sindicâncias semelhantes na 13ª Vara Federal de Curitiba.
O mesmo CNJ vai deliberar essa semana se encaminha ao Ministério Público as descobertas do inquérito administrativo sobre as suspeitas de que Moro e seu grupo cometeram, entre outros desmandos, os mesmos crimes de peculato e prevaricação.
Os mecanismos de proteção de Globo, Estadão e Folha não terão como esconder o nome do ex-juiz. Mais uma vez, são suspeitas envolvendo a manipulação de dinheiro público. Era o que eles faziam, enquanto caçavam Lula.
Publicado originalmente em Blog do Moisés Mendes
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