A mulher que levou seu tio morto para fazer um empréstimo de R$ 17 mil em Bangu, no Rio de Janeiro, alegou que o valor seria usado para reformar a casa de Paulo Roberto Braga, que tinha 68 anos. Fotos obtidas pelo jornal O Globo revelam que o idoso vivia em condições precárias, em um quarto improvisado sem janela, armário ou qualquer conforto, localizado dentro de uma garagem na Estrada do Engenho.
Seu cômodo, de aproximadamente 4 metros quadrados, tinha apenas um colchão velho sobre caixotes, forrado com um lençol fino. Um vaso sanitário, uma pequena escrivaninha e poucos objetos compunham o espaço, que era frio, úmido e com cheiro de mofo. Um buraco coberto por uma lona servia como única ventilação.
Moradores da região relataram que Paulo era solitário, com problemas de saúde e dificuldades até para se alimentar, dependendo da ajuda da vizinhança. Sua rotina era conhecida, embora não fosse comum ver parentes na casa.
Na terça-feira (20), dia de sua morte, ele foi visto transitando em uma cadeira de rodas conduzida por uma mulher identificada como Erika de Souza Nunes, que afirmou ser sua sobrinha e cuidadora, mas não era conhecida pelos vizinhos.
Imagens de Erika com Paulo na agência bancária sugerem que ele já estivesse morto ao entrar no local. A polícia investiga se houve maus-tratos por parte dela. O corpo de Paulo chegou ao IML de Campo Grande vestindo camisa e bermuda azuis, além de fraldas, evidenciando seu estado debilitado.
O laudo cadavérico indicou que Paulo estava “caquético”, enfraquecido, e a causa da morte foi uma broncoaspiração provocada por engasgo com alimento.
Ele havia sido internado por uma semana em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Bangu para tratar pneumonia, apresentando dificuldades de locomoção e fala, além de pressão baixa, necessitando de aparelhos para oxigenação. Na ocasião, Erika o levou para a UPA e o retirou de lá.