O Comandante da Marinha, Marcos Olsen, expressou sua contrariedade diante de uma proposta em debate na Câmara dos Deputados que visa inscrever o líder da Revolta da Chibata, João Cândido, no livro dos Heróis da Pátria.
Lindbergh Farias (PT), proponente da medida, destaca João Cândido como um ícone reconhecido pelo movimento negro, representante da luta por justiça e direitos humanos. A Revolta da Chibata, também conhecida como Revolta dos Marinheiros, eclodiu em 1910, protagonizada por militares em busca de melhores condições laborais e contra a prática de castigos físicos, incluindo o uso de chibatadas.
Em um comunicado endereçado à Comissão de Cultura, o Comandante da Marinha, Marcos Olsen, argumenta que prestar homenagens a João Cândido poderia sugerir à sociedade, especialmente aos militares, a permissividade do recurso às armas para reivindicar supostos direitos individuais ou de classe. O projeto já obteve aprovação no Senado e aguarda análise na Câmara dos Deputados.
“Manifesto que a Força Naval não vislumbra aderência da atuação de João Cândido Felisberto na Revolta dos Marinheiros com os valores de heroísmo e patriotismo, e sim flagrante que qualifica reprovável exemplo de conduta para o povo brasileiro”, alegou Olsen, na mensagem aos deputados.
O Comandante da Marinha ainda disse que participantes da revolta eram “abjetos marinheiros que, ferindo hierarquia e disciplina, utilizaram equipamentos militares para chantagear a nação”.
Antes disso, em 2021, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), Marcos Olsen divulgou um documento com críticas ao líder da Revolta da Chibata.
João Cândido Felisberto, também conhecido como “Almirante Negro”, já foi homenageado por Aldir Blanc e João Bosco na música “Mestre Sala dos Mares”, cantada, entre outros artistas, por Elis Regina.