O Exército adquiriu uma mala de espionagem capaz de interceptar ligações, ativar o microfone de celulares remotamente e bloquear comunicações sem a necessidade de autorização judicial para realizar essas tarefas.
O sistema de inteligência, denominado GI2, é comercializado pela Verint (agora conhecida como Cognyte) como um complemento ao FirstMile, um software de espionagem cujo uso ilegal por membros da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) está sendo investigado pela Polícia Federal.
Conforme documentos da Verint repassados por um ex-funcionário, a venda conjunta dos produtos é sugerida a clientes desde pelo menos 2013.
Na época, a empresa utilizava o SkyLock em vez do FirstMile, um produto com o mesmo princípio do sistema investigado pela PF, obtendo acesso à localização aproximada de celulares por meio de brechas nos serviços de telecomunicações.
O GI2 foi adquirido pelo Exército durante a intervenção federal no Rio de Janeiro, no final de 2018. A informação foi fornecida pelo vendedor da Verint, Caio Santos Cruz, em depoimento à Polícia Federal.
Santos Cruz também afirmou que o Exército comprou, no mesmo pacote, os sistemas FirstMile, WebAlert e FaceDetect por cerca de US$ 10,8 milhões (R$ 56 milhões na cotação atual).
O Exército declarou, em nota, que a legislação brasileira o impede de comentar assuntos de inteligência. Já a Abin, ao ser procurada, afirmou que a informação é sigilosa para “preservar capacidades operacionais”.