Bolsonaristas têm compartilhado uma fake news de que a farmacêutica AstraZeneca teria admitido que sua vacina contra Covid-19 tem efeitos colaterais graves. A verdade, no entanto, é que a empresa afirmou que o imunizante pode causar efeitos colaterais raros, mas o fato já era conhecido antes da manifestação da fabricante.
O jornal britânico The Telegraph foi quem publicou a informação inicialmente, neste domingo (28), em uma matéria com o título “AstraZeneca admite que sua vacina Covid pode causar efeitos colaterais raros em documentos judiciais pela primeira vez”.
Em documento enviado à Justiça britânica, a AstraZeneca afirmou que seu imunizante “pode, em casos muito raros, causar síndrome de trombose com trombocitopenia (TTS)”, uma formação de coágulos no sangue que acarreta no entupimento de veias e artérias.
A notícia impulsionou a já antiga campanha da extrema-direita contra os imunizantes, mas os efeitos colaterais da AstraZeneca já eram conhecidos. Em 2023, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que produz a vacina no Brasil, explicou que a síndrome poderia ocorrer em casos “extremamente raros e possivelmente associados a fatores pré-disponentes (fatores de risco) individuais”.
Na ocasião, o Ministério da Saúde reforçou que todas as vacinas contra o vírus são seguras, eficazes e tiveram aprovação de órgãos como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e OMS (Organização Mundial da Saúde).
Dois anos antes, em 2021, a pasta já havia deixado claro, por meio de nota técnica, que efeitos adversos pela vacinação tiveram uma incidência de cerca de 1 caso a cada 100 mil doses aplicadas (cerca de 0,001% dos indivíduos imunizados).
Ao recomendar o imunizante, o Ministério da Saúde relatou que reações mais comuns aos imunizantes são sensibilidade, dor, sensação de calor, coceira ou hematomas, cansaço, calafrios, dor de cabeça, enjoo, dores musculares e nas articulações, diarreia, e sintomas semelhantes aos de um resfriado, como dor de garganta, coriza e tosse.