O Rio Grande do Sul enfrenta uma situação crítica devido aos temporais que assolam o estado desde segunda-feira (29). Até agora, foram registradas 32 mortes e 60 pessoas estão desaparecidas. O impacto se estende por todo o território gaúcho.
A Defesa Civil emitiu alertas sobre o risco de elevação das águas em grande parte das bacias hidrográficas do estado, indicando a iminência de transbordamentos.
“Não é só pra quem está à margem do Rio Jacuí, à margem do Rio Taquari, enfim. Outros rios, arroios e canais também sofrem essa essa interferência e é importante tomar cuidado nessas diversas localidades”, diz o governador Eduardo Leite (PSDB).
O governo estadual decretou estado de calamidade, medida reconhecida pelo governo federal, permitindo assim o acesso a recursos federais para ações de defesa civil, incluindo assistência humanitária, reconstrução de infraestruturas e retomada de serviços essenciais.
Além das vítimas fatais e desaparecidos, a Defesa Civil reporta 36 feridos e cerca de 14,8 mil pessoas deslocadas de suas residências, com 4.645 alojadas em abrigos e 10.242 desalojadas, buscando refúgio com familiares ou amigos. A dimensão do desastre atinge 154 dos 496 municípios do estado, afetando aproximadamente 71,3 mil pessoas.
Barragens
Os temporais também geraram preocupações com as barragens em diferentes regiões do RS. A barragem Blang, no Rio Caí, próxima a São Francisco de Paula, está sob monitoramento devido ao risco de rompimento, assim como a barragem São Miguel, entre Bento Gonçalves e Pinto Bandeira, que está em estado crítico.
Na tarde da última quinta-feira (2), a barragem da Usina Hidrelétrica (UHE) 14 de Julho, localizada entre Cotiporã e Bento Gonçalves, sofreu um rompimento parcial. Apesar disso, não houve um aumento significativo nos volumes dos rios das Antas e Taquari.
Ao contrário das barragens de rejeitos de minério, que causaram tragédias como as de Mariana e Brumadinho em Minas Gerais, as estruturas sob risco no Rio Grande do Sul são usinas hidrelétricas, responsáveis pela geração de energia por meio do represamento da água dos rios.
Deslizamentos
Além das inundações, o estado também enfrenta o perigo de deslizamentos de terra, especialmente em regiões de relevo elevado, como a Serra e os vales dos rios Taquari e Caí, onde já foram registradas vítimas de soterramento.
“É também evitar estar em localidades, encostas de morros que estão com o solo encharcado e têm chance de deslizamento. Já são muitas pessoas vítimas por soterramento aqui no estado. Então, nestas cidades, também do Centro pra Serra, região dos vale, em cima da Serra, parte do Litoral, especial cuidado com encostas de morros”, afirma Leite.
Vale destacar ainda que, em Porto Alegre, o nível do Rio Guaíba já ultrapassou os 3,6 metros e poderá atingir a marca de 5 metros ainda esta semana. Este cenário remete à enchente de 1941, que inundou a capital gaúcha e motivou a construção de um sistema antienchentes para prevenir futuros desastres.
“As nossas projeções ainda indicam que ele vai ultrapassar a cheia de 1941, atingindo 5 metros no período do final da tarde de sexta-feira (3) também”, diz Pedro Luiz Camargo, hidrólogo da Sala de Situação do RS.