A diretora pedagógica da Escola Vera Cruz, Regina Scarpa, disse em entrevista ao Estadão que é “doloroso” ver o caso de racismo envolvendo a filha da atriz Samara Filippo virar um “Fla-flu” nas redes sociais.
“Uma questão tão séria e profunda sendo tratada como se estivéssemos em um debate público sobre expulsar ou não expulsar”, afirmou.
Scarpa destacou que o caso foi levado à direção pela filha de Filippo. “A informação foi trazida inicialmente à professora pela própria aluna que sofreu a violência, no momento em que abriu seu caderno. […] Por considerar o episódio bastante sério, a professora imediatamente acionou a orientadora e o coordenador, que passaram a conduzir o caso”, disse.
Segundo Scarpa, a escola acolheu a vítima ao tomar conhecimento do episódio e tratou o assunto em todas as salas.
A diretora afirmou que a orientadora e o coordenador da escola “passaram em todas as salas do 9º ano para relatar aos alunos que havia ocorrido uma situação de violência racista, expressamente adjetivada de ‘impensável’, ‘abjeta’, ‘horrorosa’, e que nós esperávamos que os responsáveis se apresentassem para que pudessem assumir a responsabilidade pelo que haviam feito”.
“Em seguida, escrevemos um e-mail à família da aluna que fora vítima da agressão, informando que estávamos tomando providências sobre o caso e que pretendíamos nos reunir com ela em breve”, afirmou. “Acompanhamos a aluna na saída e fizemos duas conversas com a mãe dela, no mesmo dia. Enviamos comunicado a todas as famílias do 9º ano pedindo que conversassem com seus filhos e filhas sobre uma grave situação de agressão racista vivida naquela série, acrescentou a diretora pedagógica da Escola Vera Cruz.
Para Scarpa, é “inaceitável” a declaração de Filippo de que o caso demonstra que o projeto antirracista do colégio não tem funcionado. “Não nos parece correto que a mãe da vítima, sem conhecer o projeto e nem nunca dele ter participado, afirme publicamente que ele ‘falha miseravelmente’”, afirmou.
“Ela tem declarado em entrevistas e nas redes sociais que sua filha vinha sendo vítima de constantes agressões, o que nunca foi trazido ao conhecimento da escola, nem por ela, nem por sua filha”, completou a diretora, que alegou que houve somente um caso, há dois anos, que foi “bastante cuidado”.
De acordo com a diretora, a escola não expulsou as meninas responsáveis pelo racismo porque isso seria “a sanção mais extrema que pode ser adotada” quando se deixa de acreditar “na possibilidade de transformação dos sujeitos envolvidos ou na possibilidade de cura da vítima”.