Às 11h desta segunda-feira, o nível do Guaíba estava em 5,26 metros, segundo medição da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul. O nível tem oscilado em alguns centímetros, variando entre 5,25 metros e 5,29 metros ao longo da manhã. Esta é a maior enchente da história da cidade e do Estado.
A enchente duradoura e a redução lenta das águas foram apontadas por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O nível deve permanecer acima de 5 metros nos próximos dias e ainda superior a 4 metros até o final da semana. A cota de inundação do Guaíba é de 3 metros, nível estimado apenas para a segunda quinzena de maio.
Os pesquisadores ressaltam que o Guaíba está em estabilização no momento, mas não descartam a possibilidade de que volte a subir. “As principais preocupações continuam sendo a duração dos níveis elevados e as possibilidades de repiques em função de novas chuvas ou efeito do vento”, destacam. Além da região metropolitana, precipitações na Serra e região central também impactam na região, devido à conexão de outros grandes rios com o Guaíba.
No prognóstico, os cientistas destacam que, por enquanto, não há previsão de chuvas expressivas nas próximas 24 horas, exceto no sul do estado, onde há alertas da Defesa Civil para inundação devido ao escoamento das águas da Grande Porto Alegre para a Lagoa dos Patos, o que pode impactar ainda mais cidades como Pelotas e Rio Grande.
Os cientistas recomendam todas as ações de proteção de vidas e minimização dos prejuízos nas áreas já impactadas e potencialmente impactadas. Também sugerem ações imediatas para resolver o desabastecimento de água. O prognóstico foi desenvolvido com base em dados de chuva e vazão, e modelos de previsão meteorológica, hidrológica e hidrodinâmica.
O grupo também desenvolveu um mapa das áreas mais vulneráveis à cheia. A ferramenta mostra o impacto das águas em diferentes áreas de Porto Alegre, praticamente toda a cidade de Eldorado do Sul e diversos outros municípios, como Cachoeirinha, Charqueadas e Novo Hamburgo.
De acordo com o balanço mais recente da Defesa Civil, 850,4 mil pessoas foram afetadas em 345 municípios. Na região metropolitana, municípios como Eldorado do Sul, Canoas e São Leopoldo estão em grande parte debaixo d’água.
Em Porto Alegre, ainda há moradores isolados em bairros como Humaitá e cerca de 70% da cidade está com o abastecimento de água prejudicado.
O professor Fernando Mainardi Fan, da UFRGS, explicou que Porto Alegre, situada às margens do Guaíba, está sujeita a inundações devido às chuvas extremas na região central, que elevam os níveis do rio. Ele ressalta que medidas de prevenção são essenciais para evitar danos maiores, especialmente quando há falhas nos sistemas de drenagem da cidade.