Tragédia no RS expõe a urgência de taxar-se os super-ricos, diz economista francês

Atualizado em 23 de maio de 2024 às 17:32
O economista francês Gabriel Zucman. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

O economista francês Gabriel Zucman afirmou que a tragédia no Rio Grande do Sul reforça a necessidade de um imposto mínimo para bilionários. Ele está elaborando um relatório para o G20 a pedido do governo Lula sobre a taxação global dos super-ricos.

“Precisamos começar por obter esses recursos dos atores econômicos que, hoje, têm o maior déficit de taxação. Ou seja, os que pagam menos do que outros grupos sociais, mas que têm a capacidade de pagar mais. Precisamente os super-ricos”, afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo.

Para ele, a catástrofe no estado “coloca ênfase sobre as necessidades enormes que temos coletivamente, em termos dos recursos necessários para lutar contra as mudanças do clima”. “Está ainda mais claro que não conseguiremos obter esses recursos se não o fizermos de forma justa”, prossegue.

Zucman é fundador do Observatório Fiscal da União Europeia e sua proposta prevê um imposto de 2% sobre o patrimônio de pessoas que possuem mais de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,15 bilhões). Seu relatório detalhado será entregue em junho.

Zucman elabora um relatório sobre a taxação global de super-ricos para o G20 a pedido do governo brasileiro. Foto: Reprodução

O economista afirma que o documento vai tratar sobre reformas na tributação de heranças e progressividade no Imposto de Renda. “A conclusão é a seguinte: se você realmente quer fazer a diferença para enfrentar o maior problema que os nossos sistemas de imposto têm, que é a quase ausência de taxação dos super-ricos, a opção que se sobressai é um imposto mínimo expressada sobre uma fração da riqueza”, avalia.

A ideia base de seu projeto, do imposto de 2% sobre o patrimônio de super-ricos, deve gerar uma receita de US$ 250 bilhões, segundo seus cálculos. O texto, no entanto, tem variações, segundo o economista. “Não há motivo para taxar apenas bilionários, é um número arbitrário. E se taxarmos pessoas com mais de US$ 100 milhões em patrimônio, qual seria a diferença?”, aponta.

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