Trump condenado pode afastar (pequena) parte do eleitorado e ajudar Biden. Por Leonardo Sakamoto

Atualizado em 31 de maio de 2024 às 7:31
O ex-presidente dos EUA, Donald Trump – Foto: Reprodução

Por Leonardo Sakamoto

O ex-presidente Donald Trump foi considerado culpado, nesta quinta (29), por 34 acusações relacionadas à fraude. Para evitar que o eleitorado americano descobrisse, em 2016, que ele havia subornado com 130 mil dólares uma atriz pornô com quem teria tido um caso, registros empresariais foram falsificados.

A sentença sai apenas em 11 de julho, e é difícil imaginar que ele será, de fato, enviado à cadeia. Aliás, nos Estados Unidos, condenados e presos podem concorrer e se eleger à Presidência da República. A questão é outra: qual o impacto da decisão de hoje junto ao eleitorado norte-americano?

A maior parte dos eleitores republicanos acreditou em sua narrativa e acha que ele está sendo perseguido. Parte, inclusive, vive numa realidade paralela em que a invasão ao Congresso norte-americano, em 6 de janeiro de 2021, não foi uma tentativa de golpe de Estado, mas um protesto pela democracia. Qualquer semelhança com o bolsonarista 8 de janeiro de 2023, ocorrido em Brasília, não é mera coincidência.

Mas, segundo uma pesquisa CNN/SSRS, 24% dos apoiadores de Trump dizem que uma condenação pode levá-los a reconsiderar o seu suporte a ele. O grupo representa cerca de 12% de todos os eleitores registados na votação – o que pode influenciar em uma disputa que segue parelha entre ele e o presidente democrata Joe Biden.

Atual presidente americano, Joe Biden – Foto: Reprodução

A pesquisa aponta que 81% dos apoiadores de Trump que podem reconsiderar não votariam em Biden de jeito nenhum. Mas se estes ficarem em casa ou apoiarem um nome independente, já seria um prejuízo grande para o ex-presidente.

Por outro lado, isso pode fazer com que parte dos democratas que estão decepcionados com o atual governo resolva sair de casa para votar. Não por confiarem em Biden (criticado pela baixa percepção na qualidade de vida apesar da melhora nos indicadores econômicos, pelo apoio a Israel no massacre de Gaza, entre outros temas), mas para evitar o vexame de eleger um condenado para Presidência da República.

Ao final, essa condenação pode fazer diferença? Ninguém sabe ao certo. Mas, pelo menos, agora o eleitor tem informação provida oficialmente pela Justiça de que um dos candidatos mentiu, fraudou e enganou. O que pode ser útil para a tomada de decisão de quem não vive numa realidade paralela construída pelas redes sociais.

Originalmente publicado na coluna de Leonardo Sakamoto, no Uol

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