Nesta terça-feira (22), o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, anunciou a anulação do leilão de 263 mil toneladas de arroz realizado na última quinta-feira (6).
O leilão visava comprar arroz a preço tabelado para suprir uma eventual falta ou alta de preços do produto devido à recente tragédia climática no Rio Grande do Sul. Anteriormente, a Conab havia divulgado que os pagamentos só seriam concluídos após a constatação de que não houvesse irregularidades, o que não se confirmou.
A decisão veio em resposta a questionamentos sobre a capacidade técnica das empresas vencedoras e suspeitas de relações impróprias do secretário de Política Agrária, Neri Geller, com sócios das empresas intermediárias. Geller pediu demissão na manhã desta terça-feira, confirmada pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. “Ele colocou o cargo à disposição, e eu aceitei”, disse Fávaro.
“Hoje [terça-feira], pela manhã, o secretário Neri Geller me comunicou, fez ponderação, quando filho dele estabeleceu sociedade com esta corretora do Mato Grosso, ele não era secretário de político agrícola. Não há fato que desabone ou que gere qualquer tipo de suspeita, mas que de fato gerou transtorno, e por isso colocou cargo a disposição”, explicou o ministro da Agricultura.
Pretto informou que o governo pretende revisar os procedimentos dos leilões com o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Advocacia-Geral da União (AGU). “Decidimos anular esse leilão e vamos revisitar os mecanismos estabelecidos. Pretendemos fazer um novo leilão, talvez em outros modelos, para garantir a contratação de empresas com capacidade técnica e financeira”, afirmou o presidente da Conab.
A principal preocupação era a desconfiança sobre a capacidade das empresas vencedoras em entregar o arroz. No leilão anulado, o governo arrematou 263.730 toneladas de arroz de quatro empresas, a um custo de R$ 1,3 bilhão. “Não podemos investir dinheiro público sem garantias reais de que o leilão e os contratos serão honrados”, completou Pretto. A anulação do leilão visa assegurar que os futuros processos sejam transparentes e confiáveis.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, informou que o presidente Lula (PT) participou da decisão de anulação. Ainda não há previsão de quando o novo leilão será realizado, mas Teixeira afirmou que as autoridades estão empenhadas em garantir um processo justo e eficaz para a aquisição do arroz necessário para estabilizar o mercado.