“O orgasmo concomitante é o clímax do prazer carnal, é quase um orgasmo da alma”: um novo capítulo da saga erótica de uma advogada

Atualizado em 7 de novembro de 2015 às 18:37
Por Manara
Por Manara

Na cena final do último capítulo, fui flagrada pela secretária no escritório com o meu sócio, minha saia levantada até a cintura e os seios à mostra, sendo sugados em meio a gemidos audíveis.

Não me envergonhei. Nunca fui pudica e não devo satisfações acerca de minha vida sexual, afinal. O ambiente de trabalho é excitante, embora clichê. E o meu sócio… é do tipo difícil de resistir, embora eu não quisesse mesmo fazê-lo.

Passei pela secretária na saída e perguntei se alguém me procurara, como de costume. Agi como se absolutamente nada tivesse acontecido, embora tentada a gargalhar pelo semblante de constrangimento da pobre moça.

Enquanto dirigia até a minha casa, a lembrança da cara de espanto da secretária dava lugar à boca quente do meu sócio que eu ainda podia sentir nos meus mamilos. Aquele coito interrompido me deixara ainda mais tarada do que de costume.

Entrei em casa e me livrei mais do que rapidamente do salto alto e das roupas apertadas. No banho quente e demorado, nada me continha o delírio ao me lembrar daquela manhã. Apesar de não passar das 19h, vesti uma camisola molinha, deitei com os pés para o alto – afinal, depois de um dia tão estressante de trabalho e de um final de semana intenso, eu merecia – fechei um baseado e passei a me distrair com o celular.

Era um daqueles aplicativos de pegação – sim, eu uso. O cardápio humano era variado e divertidíssimo: homens com peitos inchados feito pombos em frente a carros conversíveis (que sabe-se lá se de fato lhe pertencem, mas, para eles, é importante fazer parecer que sim), outros com bícepes monstruosos em espelhos de academia, biquinhos, caras, bocas, descrições engraçadas e apelativas. Nenhum me chamava a atenção particularmente: aquilo era muito mais uma maneira de vislumbrar o grande circo da vida de solteira.

Entre fotos bizarras, descrições impraticáveis e muitas gargalhadas noturnas, surgiu uma foto potencialmente interessante: uma barba por fazer, uns olhos despretensiosos e uma expressão indiferente, quase engraçada. MATCH!

Em poucos minutos eu já sabia o suficiente sobre ele: tinha uma gata de estimação, era meio nerd, ateu, sarcástico e libriano. E lindo, como eu pudera observar. Conversamos por pouco mais de uma hora sobre qualquer bobagem cotidiana, até que o desejo mútuo fosse – com a frequente rapidez das relações virtuais – confessado. “Quero te conhecer. Vamos tomar um vinho?”

Que mal havia? Eu não poderia lidar com outro coito interrompido naquela mesma noite. Não era justo. E receber um estranho em casa parecia menos apavorante porque eu sei manusear armas e tenho uma vizinhança particularmente prestativa, como se pode observar no segundo capítulo.

Uma hora depois avistei-o pelo olho mágico. Era mais alto do que parecia, tinha uma barba castanha e um olhar estacionado exatamente entre o ingênuo e o lascivo. Aquela imagem era absurdamente excitante.

Abri a porta e nos olhamos por um intervalo de cinco segundos. Ele mapeou meu corpo sob o vestido de tecido fino e sem sutiã – propositadamente, é claro – enquanto eu checava o seu estilo interessante.

– Gosta de carmenère? – disse, estendendo-me uma garrafa de vinho.

– É o meu predileto. – e é, mesmo. Caso não fosse, eu não diria que sim só para agradá-lo. Afinal, não por acaso, ele já estava na minha sala.

Fechei outro baseado, como uma boa anfitriã. Ele observava atento enquanto comentava qualquer coisa interessante da qual não me lembro.

– Você não acha excitante assistir alguém trabalhando com as mãos? Uma mulher fechando um é digna de uma moldura.

– Obrigada – disse, com um sorriso propositadamente safado.

Deixei que ele acendesse. Pôs o cigarro entre os lábios, meio de lado, e me pediu o isqueiro. Não me mexi durante alguns segundos. Ele riu de lado ao me ver atônita. Entreguei-lhe o isqueiro, aproveitando para sentar mais perto dele, que já se acomodara no meu tapete.

Malemolentes, meio bêbados e excitadíssimos, parecíamos capazes de conversar sobre absolutamente qualquer assunto – o que me deixava vontade, mas me interessava menos do que sentir o gosto dele.

Senti uma de suas mãos sobre a minha coxa enquanto dava a última tragada de uma maneira irremediavelmente sexy e não esperei um segundo sinal: me aproximei do seu rosto, olhei-o de perto, sorri ligeiramente enquanto sentia o seu hálito etílico. Ele sorriu de volta e mordeu meu lábio inferior, devagar e intensamente, como um autêntico libriano.

O beijo era cada vez mais lascivo, assim como nossos pensamentos íntimos. Ele me puxou pra perto numa tentativa de sentir mais livremente o meu corpo. Sentei-me em seu colo, a sua frente, e beijava-o enquanto deixava que meus quadris seguissem o próprio ritmo. Senti sua mão sob o meu vestido, me acariciando as costas, e passeei com a língua pelo seu pescoço.

Em alguns segundos, estávamos despidos sob uma luz incandescente – céus, por que eu não me preocupara com a meia-luz? – e embora eu ainda não tivesse sido penetrada tão rápido quanto gostaria, não há outro nome para o que fazíamos: era a mais legítima foda.

Ele me deitou no tapete e se afastou alguns centímetros. Observava cada milímetro do meu corpo enquanto eu sorria, completamente tomada pelo tesão. Era proposital, tenho certeza. Percorreu o dedo, de leve, pela minha barriga, pescoço, nuca, virilha. A cada milímetro um arrepio.

As mãos deram lugar à língua atrevida, que passava pelos meus pés e coxas, precedendo o sexo oral mais delicioso de toda a minha vida. Eu me contorcia e gemia alto, enquanto me ocorria que meu vizinho poderia estar me ouvindo – o que só me excitava ainda mais.

Com os olhos fechados, perdida no êxtasy de uma língua habilidosa, senti-o me penetrar repentinamente enquanto puxava o meu cabelo. Ele evoluiu para movimentos rápidos, desapegando da paciência de outrora para saborear o meu corpo, como se já não pudesse controlar o próprio tesão. Eu rebolava enquanto sentia a sua barriga colada na minha e o seu hálito quente e ofegante arrepiando meu pescoço.

Gozamos no mesmo instante, como que conectados eroticamente. O orgasmo concomitante é o clímax do prazer carnal, é quase um orgasmo da alma.

Recuperamos o fôlego e nos olhamos nos olhos, lado a lado. Nenhuma palavra, só o silencioso compartilhamento de prazer. Levantei, tomei mais um gole de vinho e acendi um cigarro, ainda nua apoiada no parapeito. Olhei de relance para a janela vizinha: um par de olhos familiares me observava.

(continua)