EUA promoveram fake news antivacina para minar imagem da China na pandemia

Atualizado em 15 de junho de 2024 às 9:11
Membros do Exército dos EUA recebem máscaras N95 de Shenzen, China, no aeroporto Logan International, 2 de abril de 2020. Foto: Maddie Meyer/Getty Images/AFP

Os Estados Unidos lançou seu Exército em uma operação clandestina para combater a crescente influência da China nas Filipinas, um país fortemente impactado pelo coronavírus no auge da pandemia de Covid-19. Segundo a Folha, essa campanha secreta tinha como objetivo semear dúvidas sobre a segurança e eficácia das vacinas e outros auxílios fornecidos pela China, conforme revelou uma investigação da Reuters.

A operação utilizou contas falsas na internet para se passar por filipinos, transformando os esforços de propaganda militar em uma campanha antivacinação. Postagens nas redes sociais criticavam a qualidade das máscaras faciais, kits de teste e da vacina Sinovac, a primeira disponível nas Filipinas.

A Reuters identificou pelo menos 300 contas no X, antigo Twitter, associadas à campanha, com muitas postagens usando o slogan #Chinaangvirus, que em tagalo significa “China é o vírus”.

“A Covid veio da China e a vacina também veio da China, não confie na China!”, dizia uma publicação de julho de 2020, acompanhada de uma foto de uma seringa ao lado de uma bandeira chinesa e um gráfico de infecções ascendentes. Outra postagem afirmava: “Da China – EPI, Máscara Facial, Vacina: Falso. Mas o coronavírus é real.”

Após a Reuters questionar o X sobre essas contas, a plataforma de Elon Musk removeu os perfis, determinando que faziam parte de uma campanha coordenada de bots.

O esforço antivacinação do Exército dos EUA começou em 2020 e se expandiu além do Sudeste Asiático, sendo encerrado em 2021. O Pentágono adaptou a campanha para públicos locais na Ásia Central e Oriente Médio, utilizando contas falsas para espalhar medo das vacinas chinesas entre muçulmanos, alegando que continham gelatina de porco, proibida pela lei islâmica.

Iniciada no governo de Donald Trump, o programa continuou sob a administração do presidente Joe Biden, apesar de alertas sobre desinformação. A Casa Branca eventualmente proibiu esforços antivacinação, levando o Pentágono a iniciar uma revisão interna. Um oficial sênior do Departamento de Defesa reconheceu o envolvimento do Exército dos EUA em propaganda secreta contra a vacina chinesa, mas se recusou a fornecer detalhes.

Campanha de vacinação nas Filipinas. Foto: Lisa Marie David/Reuters

 

O Pentágono defendeu o uso de redes sociais para combater ataques de influência maligna, alegando que a China também espalhou desinformação sobre a Covid-19, culpando os EUA pela pandemia. O Ministério das Relações Exteriores da China acusou os EUA de manipular redes sociais e disseminar desinformação.

A operação militar secreta dos EUA nas Filipinas incluiu o uso de contas falsas para disseminar informações enganosas, incluindo material antivacina. O impacto total dessas ações não pôde ser determinado.

Após os esforços de propaganda estadunidense, o presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, ameaçou prender pessoas que recusassem vacinas. A vacinação no país estava abaixo da meta, com apenas 2,1 milhões de cidadãos totalmente vacinados de uma população de 114 milhões, enquanto os casos de Covid-19 ultrapassavam 1,3 milhão, com quase 24 mil mortes.

Esperanza Cabral, ex-secretária de saúde das Filipinas, disse desconhecer a operação militar secreta dos EUA, mas afirmou: “Tenho certeza de que muitas pessoas morreram de Covid-19 e não precisavam morrer disso.”

A Reuters descobriu a operação militar secreta dos EUA, revelando operações psicológicas clandestinas que conseguiram prejudicar alianças estrangeiras e intensificar conflitos com rivais. Em 2019, o então presidente Donald Trump autorizou a CIA a lançar uma campanha clandestina nas mídias sociais chinesas para virar a opinião pública contra o regime de Xi Jinping.

Chegamos ao Blue Sky, clique neste link
Siga nossa nova conta no X, clique neste link
Participe de nosso canal no WhatsApp, clique neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link