O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, dissolveu o gabinete de guerra nesta segunda-feira (17), conforme informou um funcionário do governo. A decisão, esperada após a saída de dois dos seis membros do órgão, reforça a posição de Netanyahu em meio aos ataques contra o povo palestino e o Hamas na Faixa de Gaza, que já dura oito meses, e acena com partidos de extrema-direita que pedem a continuação do genocídio.
Os dois membros que renunciaram foram Benny Gantz e Gadi Eisenkot, ambos da aliança de centro-direita Unidade Nacional. Eles deixaram seus cargos na semana passada devido a divergências sobre a condução da guerra. A saída foi comunicada aos outros membros do governo em uma reunião no último domingo (16).
Netanyahu, chefe do governo mais à direita da história de Israel, formou o gabinete de guerra inicialmente para unir um país em crise política e com manifestações massivas. Entre os moderados estava Gantz, ex-comandante do Exército e ex-ministro da Defesa, que é um dos principais adversários de Netanyahu nas pesquisas de opinião.
O ex-ministro havia alertado que deixaria a coalizão caso o primeiro-ministro sionista não apresentasse um plano claro para o pós-guerra na Faixa de Gaza. Ao anunciar sua saída, Gantz afirmou que o premiê estava impedindo Israel de “avançar em direção a uma verdadeira vitória”. Desde então, as discussões sobre a guerra têm sido conduzidas por Netanyahu, seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, e assessores próximos.
A dissolução do gabinete de guerra, apesar de simbólica, é uma jogada estratégica de Netanyahu para evitar que a ala mais extremista de seu governo ganhe assentos no órgão, o que poderia desagradar aliados importantes como os Estados Unidos. Com essa medida, ele reafirma seu controle sobre as decisões do conflito.
Decisões cruciais sobre a guerra continuarão a ser submetidas ao gabinete de segurança, que inclui os ministros Bezalel Smotrich (Finanças) e Itamar Ben-Gvir (Segurança Nacional), ambos defensores de uma ofensiva prolongada em Gaza até a destruição completa do Hamas. A medida vem um dia após o Exército de Israel anunciar pausas diárias nas ofensivas militares para permitir a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, decisão desaprovada por Ben-Gvir e outros membros do governo.
Apesar da saída de Gantz e Eisenkot não representar uma ameaça imediata ao governo, que mantém 64 das 120 cadeiras no Parlamento, Netanyahu agora depende mais do apoio dos partidos ultranacionalistas para se manter no poder. A dissolução do gabinete de guerra desafia essa dependência e reflete a confiança de Netanyahu após pesquisas de opinião indicarem uma queda na popularidade da Unidade Nacional após a saída de Gantz.
Uma pesquisa da Panel4All, publicada na última sexta-feira (14) pelo jornal Ma’ariv, mostra que o partido Likud, de Netanyahu, reduziu a diferença em relação à Unidade Nacional. No entanto, a atual coalizão governante, composta por partidos de direita e ultranacionalistas, ainda não conseguiria eleger um primeiro-ministro sem o apoio dos partidos árabes, assim como a oposição.
Netanyahu, acusado por parte da população de Israel pelas falhas de segurança que permitiram o ataque de 7 de outubro, resiste à pressão para convocar eleições antecipadas, mantendo-se firme no controle do governo enquanto mantém os ataques em Gaza.