Médicos envolvidos no aborto de garota de 10 anos desmentem Sóstenes Cavalcante

Atualizado em 17 de junho de 2024 às 21:28
Sóstenes Cavalcante falando em microfone, com expressão séria
Deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) – Câmara dos Deputados

Dois médicos mencionados pelo deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) na justificativa do Projeto de Lei Antiaborto por Estupro contestam a narrativa apresentada pelo parlamentar sobre um caso de aborto de uma menina estuprada no Espírito Santo em 2020.

A garota, então com 10 anos, teve o aborto inicialmente negado no seu estado e foi transferida para Recife (PE), onde o procedimento foi realizado.

Conforme a versão de Cavalcante, o aborto em Pernambuco teria sido recusado pela equipe de plantão do Centro Integrado de Saúde Amauri de Medeiros (Cisam), sendo realizado diretamente pelo diretor da unidade, Olímpio Barbosa de Moraes Filho.

“Para a surpresa dos que haviam organizado a transferência, os médicos dos diversos plantões do serviço de aborto do Cisam também se recusaram a realizar o procedimento, devido ao estado avançado da gravidez”, afirmou o político. A menina estava com 23 semanas de gestação.

Manifestação contra a Lei do Aborto
Manifestação contra a Lei do Aborto – Paulo Pinto/Agência Brasil

Ainda segundo o deputado federal, “o dr. Olímpio de Moraes, então, dirigiu-se pessoalmente ao Cisam e, tomando a si a menina para exame, aplicou uma injeção de cloreto de potássio no coração do nascituro, causando-lhe morte instantânea por assistolia”.

Ele teria dito aos colegas: “O concepto já está morto. Não há mais o que discutir. Podem realizar o aborto”, acrescenta o parlamentar. Em contato com a Folha de S.Paulo, Olímpio de Moraes desmentiu a versão do deputado, afirmando que o aborto foi realizado pela equipe de plantonistas do hospital e que não houve resistência da equipe.

“Não fui eu que fiz o procedimento, foram os plantonistas. E não houve resistência da equipe”, esclareceu Olímpio de Moraes. Ele também nega ter proferido a frase citada por Cavalcante. “Eu era diretor da maternidade, não plantonista, e não faço procedimentos. Cuido da gestão do hospital”, completou.

Nésio Fernandes, então secretário de saúde do Espírito Santo e também citado pelo deputado, contesta a afirmação de Cavalcante sobre o uso de um jato particular para a transferência. De acordo com ele, se tratava de um avião de carreira.

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