O Nubank está enfrentando uma campanha de boicote nas redes sociais após a CEO da empresa, Cristina Junqueira, divulgar um evento da produtora de extrema-direita “Brasil Paralelo”. A instituição também foi cancelada por ocultar um escândalo envolvendo um funcionário.
A palestra divulgada por Junqueira tem Jordan Peterson como palestrante, um canadense mundialmente conhecido por naturalizar Adolf Hitler e por seus pensamentos ultraconservadores, antifeministas e anti-LGBT.
Após a divulgação do evento com a participação de Peterson, um vídeo no qual ele exalta o nome de Hitler durante uma palestra começou a circular pelas redes sociais. Na gravação, ele diz que “temos que admirar Hitler” por causa do “gênio organizacional” que ele era.
“Você tem que admirar Hitler, a questão é essa! Porque ele era um gênio organizacional. As pessoas não rejeitam a ambição de se tornarem Hitler porque não têm a motivação genocida. Eles não seguem esse caminho porque não têm o gênio organizacional. Elas têm essa porra de motivação”, ressaltou.
O evento que a CEO do Nubank divulgou tem Jordan Peterson como palestrante, um cara mundialmente conhecido por naturalizar Adolf Hitler. Aqui nesse vídeo ele diz literalmente que você “tem que admirar Hitler” por causa do “gênio organizacional” que ele era. E tem mais… ? pic.twitter.com/TW4WO3TVuR
— Rogério Tomaz Jr. (@rogeriotomazjr) June 19, 2024
Na última segunda-feira (17), Cristina publicou um Story no Instagram no qual mostra um convite para o evento “We Who Wrestle With God”, com palestra de Peterson. Ela então agradece à Brasil Paralelo e à Fronteiras do Pensamento, produtoras do encontro.
Cristina Junqueira, CEO do Nubank, está divulgando um evento da Brasil Paralelo nos seus stories do Instagram.
Há 10 dias, no @TheInterceptBr, mostrei como o Nubank protegeu um dos atuais diretores da BP. Um cara que, como a @agenciapublica revelou, criou um fórum de ódio + pic.twitter.com/QBMfVYdHrw
— Paulo Motoryn (@opaulomm) June 17, 2024
O escândalo ocultado pelo Nubank
O caso acobertado pela empresa aconteceu em 2016, quando Konrad Scorciapino, então engenheiro de software, foi exposto por publicação xenofóbica nas redes sociais. Apesar da acusação, o Nubank preferiu mantê-lo no cargo por quase dois anos e acobertar o episódio.
Konrad também é um dos fundadores do 55Chan, fórum conhecido pela disseminação de crimes de ódio, pornografia infantil e antissemitismo. Ele é o atual diretor de tecnologia do “Brasil Paralelo”.
À época, Konrad era o engenheiro sênior de software da empresa e falaria sobre uma linguagem de programação, Python, em um evento como especialista. Ele atuaria como representante do Nubank, mas foi denunciado por outros membros da Associação Python Brasil (APyB) por publicações xenofóbicas.
Ele havia repostado um tuíte que culpava imigrantes por estupros na Dinamarca. “A Dinamarca tem um problema de estupro. O problema do estupro é causado por diversidade. #DiversidadeÉEstupro”, diz a publicação compartilhada na ocasião.
Seu envolvimento com o fórum é uma informação pública que pode ser encontrada desde 2010 na internet e o Nubank decidiu mantê-lo no cargo até 2018, mesmo após a publicação xenofóbica.