O pior blogueiro de 2015. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 29 de dezembro de 2015 às 9:28
Deve a carreira a Lula
Deve a carreira a Lula

 

Ricardo Noblat bem que se empenhou, mas é de Reinaldo Azevedo o título de Pior Blogueiro de 2015.

A obra de Azevedo já é tão antiga e tão constante que, a rigor, ele poderia ser o Pior Blogueiro da História.

Azevedo semeou, ao longo dos anos no site da Veja, o ódio e a intolerância que se tornaram marcas entre os analfabetos políticos do país.

Ele não os formou. Ele os deformou. Transformou-os num exército abominável de pessoas que se comprazem em hostilizar gente que não pensa como elas.

Filhos mentais de Reinaldo Azevedo estiveram por trás, por exemplo, da agressão a Chico Buarque.

O espaço dado nas empresas jornalísticas a ele – hoje, além da Folha, ele pode ser encontrado na Jovem Pan e na Folha – explica-se no seguinte: Reinaldo Azevedo jamais escreveu nada que contrariasse os interesses dos barões da mídia.

Ele trabalha incessantemente em favor da plutocracia. É um expoente do jornalismo patronal. Se fosse mais talentoso, seria uma reedição do Lacerda da Tribuna da Imprensa.

Reinaldo Azevedo deve a carreira a Lula e ao PT. Antes disso, quando a mídia brasileira era mais plural e equilibrada, ele foi um jornalista inexpressivo, sem nada que o distinguisse.

O PT no poder levou os donos da mídia a uma progressiva radicalização à direita. Editores e colunistas progressistas foram sendo afastados, e em seu lugar apareceram as chamadas penas de aluguel.

A Veja, que foi quem primeiro se deslocou para a direita, tirou do ostracismo dois nomes que se tornariam símbolo do antipetismo feroz: Reinaldo Azevedo, no site, e Diogo Mainardi, na edição impressa.

Certamente não estaríamos falando deles aqui se Lula não tivesse ascendido ao poder e a mídia continuasse a se governar, nas redações, pelo critério da meritocracia.

Azevedo se gaba de haver criado uma palavra – petralha – que é uma marca registrada dos analfabetos políticos brasileiros.

Essa autoglorificação por uma tolice retrata uma personalidade insegura e sempre em busca de aprovação.

Revela, igualmente, uma extraordinária falta de noção. Tolstoi tinha sérios reparos a sua obra-prima, Ana Karenina. Shakespeare jamais enalteceu Macbeth.

Mas Azevedo gostaria de uma estátua – que não duraria 24 horas, aliás – por causa de “petralha”.

Sua falta de compromisso com os fatos é notável. Na morte de Margaret Thatcher, ele escreveu uma elegia na qual disse que ela morrera pobre.

Não sei quais os critérios de pobreza adotados por Azevedo, mas Thatcher legou aos dois herdeiros, entre outros bens, uma casa avaliada em 40 milhões de reais na região mais nobre de Londres, Mayfair.

Azevedo simboliza também outra face da mídia: a derrota nas urnas. Desde que ganhou os holofotes na Veja, nunca um candidato presidencial apoiado por ele foi o vencedor.

É um perdedor. Vê-se, aí, seu escasso poder de convencimento. Prega para convertidos.

Em 2015, seu ápice foi a louvação de Eduardo Cunha, só mitigada quando os suíços despacharam para o Brasil os documentos que detalhavam suas contas secretas nascidas da roubalheira.

Por tudo isso, é o pior blogueiro do ano. Ou, como disse no início, da história.