A posse do deputado federal Silas Câmara (Republicanos-AM) como presidente da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional, na quarta-feira passada, trouxe um alívio para o governo federal, encerrando um período de atritos.
Mais conciliador e aberto ao diálogo que seu antecessor, Eli Borges (PL-TO), Câmara permanecerá no cargo até fevereiro de 2025, quando a bancada elegerá um novo comando. Essa mudança acontece em um momento de grande repercussão em torno do PL Antiaborto, que equipara a interrupção da gravidez após a 22ª semana ao crime de homicídio.
Enquanto Eli Borges é um dos autores do PL Antiaborto, Silas Câmara adota uma postura mais moderada, afirmando que o projeto precisa de maior tempo de maturação. E além deste texto, outro ponto de divergência entre os antigos e atuais líderes da bancada evangélica é o PL das Redes Sociais.
No ano passado, Silas Câmara votou pela urgência da tramitação do projeto, enquanto Eli Borges se opôs. Na ocasião, 18 parlamentares ligados à bancada evangélica espalharam desinformações, alegando que o texto ameaçava a liberdade religiosa no país. Atualmente, como presidente da Comissão de Comunicação, Câmara defende a regulamentação das redes sociais e está elaborando um projeto paralelo para regular as big techs.
Silas Câmara e Eli Borges representam alas diferentes da bancada evangélica. Borges é mais próximo do núcleo duro do bolsonarismo, como Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), associado ao pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.
Por outro lado, Câmara tem aliados mais moderados, como Cezinha de Madureira (PSD-SP), e mantém um bom relacionamento com Marcos Pereira, presidente do Republicanos e bispo licenciado da Igreja Universal, que apoiou suas candidaturas a líder da frente nos últimos anos.
O mandato de presidente da bancada evangélica geralmente dura dois anos. No entanto, no início de 2023, Borges e Câmara costuraram um acordo para que cada um ocupasse um semestre de cada ano.
Esta é a terceira vez que Câmara assume o comando da bancada, tendo presidido no segundo semestre do ano passado e entre 2019 e 2021, durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Apesar de ter defendido a reeleição de Bolsonaro, Câmara nem sempre vota contra o Palácio do Planalto.