A Polícia Civil de São Paulo abriu um inquérito para investigar um possível abuso de autoridade pelo vereador bolsonarista Rubinho Nunes (União) contra o padre Julio Lancellotti, conforme informações da Folha de S.Paulo. A solicitação para a investigação veio da 4ª Promotoria de Justiça Criminal da Capital, ligada ao Ministério Público de São Paulo.
O promotor Paulo Henrique Castex explicou a necessidade da investigação: “Entendo que a narrativa apresentada deve ser mais bem esclarecida para apurar possível conduta com repercussão criminal.”
Rubinho é responsável pela proposta de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que visa investigar o padre. Inicialmente, a CPI, proposta no início deste ano, pretendia investigar a atuação das ONGs na Cracolândia, região central de São Paulo. Contudo, após acordo com líderes partidários, Nunes redirecionou a investigação para focar diretamente em Julio Lancellotti.
A denúncia foi feita pelo Instituto Padre Ticão, que alega que a CPI foi instaurada sem evidências de conduta criminosa por parte do padre. Segundo a organização social, Rubinho utilizou sua posição de vereador para fazer acusações caluniosas contra Lancellotti, tanto à Arquidiocese de São Paulo quanto ao Vaticano, com o objetivo de prejudicar o padre e imputar-lhe crimes sexuais.
Na notícia-crime, o instituto também acusa o simpatizante do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de disseminar notícias falsas sobre Lancellotti e de cometer aporofobia, que é a aversão aos pobres, ao tentar deslegitimar políticas voltadas à população vulnerável.
O inquérito contra Rubinho Nunes está sendo conduzido no 1º Distrito Policial da Sé, sob a responsabilidade da delegada Ana Paula Monteiro Pinto. Vale destacar que o Instituto Padre Ticão atua de forma independente e não representa o padre Julio Lancellotti.
Rubinho Nunes, por sua vez, afirma que a investigação é uma tentativa de intimidação. Ele argumenta que a organização social e o Ministério Público deveriam concentrar-se em investigar o pároco, e não ele, e anunciou que está considerando uma representação criminal contra o Instituto Padre Ticão.
“Isso é absurdo em várias camadas”, afirma o parlamentar, em nota. “Ao invés deste instituto e do MP se preocuparem em investigar as gravíssimas denúncias de abuso sexual contra o Julio Lancellotti, vão investigar um denunciante?”, questiona.