Entenda o que muda após a decisão do STF sobre o porte de maconha

Atualizado em 25 de junho de 2024 às 19:09
Estátua da Justiça em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). Foto: Sérgio Lima/Poder360

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria nesta terça-feira (25) para descriminalizar o porte de maconha para o consumo individual.

Na prática, o uso pessoal da cannabis deixa de ser considerado um crime e passa a ser tratado como um ilícito administrativo. Será fixada uma quantidade da substância como critério para diferenciar o usuário do traficante.

O detalhamento da decisão do plenário será anunciado nesta quarta-feira (26). Os ministros irão estabelecer uma tese que será utilizada para julgar casos semelhantes em instâncias inferiores.

“O plenário do STF considera que o consumo de drogas é ilícito e ruim. Estamos aqui deliberando a melhor forma de enfrentar essa epidemia no Brasil. Droga é ruim, a condenamos e o Estado deve evitar o consumo”, disse o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, ao proclamar o resultado prévio do julgamento.

“O que consideramos é hoje é que o consumo de drogas é um ato ilícito sujeito a sanções que não sejam penais [no caso da maconha]. Nós entendemos que as sanções penais não são a melhor maneira de tratar uma questão de saúde pública”, completou.

Confira os próximos passos e o que muda na prática para quem for pego com maconha para uso pessoal:

Diferenciação entre usuário e traficante

Os ministros do STF irão estabelecer um critério baseado na quantidade da substância para diferenciar o usuário do traficante. A definição dessa quantidade visa ajudar a polícia e a Justiça a garantir tratamentos iguais para situações semelhantes, evitando que casos de usuários sejam enquadrados como tráfico de drogas pela falta de um critério claro.

A Lei de Drogas de 2006 determina que cabe ao juiz avaliar, no caso concreto, se o entorpecente é para uso individual, considerando a natureza e quantidade da substância apreendida, o local e as circunstâncias da apreensão, e as circunstâncias sociais e pessoais do portador, além de suas condutas e antecedentes. No entanto, não há um critério específico de quantidades estabelecido em lei. Sendo assim, a avaliação ficava a cargo da Justiça.

Cannabis. Foto: Nick Gammon/AFP

Implementação e recursos

As teses de repercussão geral estão disponíveis para aplicação a partir da publicação da ata de julgamento, um resumo do que os ministros decidiram. Entretanto, os magistrados podem decidir de forma diversa nesta quarta-feira ao proclamarem o resultado.

É possível recorrer apresentando embargos de declaração, recursos que pedem esclarecimento de pontos da decisão.

Impacto da decisão

De acordo com o Conselho Nacional de Justiça, há ao menos 6.345 processos suspensos aguardando um desfecho do caso. O impacto pode ser ainda maior, pois o novo entendimento pode ser aplicado a investigações criminais sobre o mesmo assunto, em fase pré-processual.

Discussão no Congresso

A decisão do STF não impede que o Congresso Nacional aprove uma legislação contrária ao que foi fixado pela Corte. A proposta de mudança na Constituição que trata da criminalização do porte e posse de qualquer quantidade de droga pode continuar em discussão. O texto já foi aprovado no Senado e agora tramita na Câmara dos Deputados.

O entendimento do tribunal prevalecerá até que o texto seja aprovado e transformado em emenda. Mesmo assim, o texto poderá ser questionado no STF. Ou seja, a Corte pode voltar a debater o tema.

Chegamos ao Blue Sky, clique neste link
Siga nossa nova conta no X, clique neste link
Participe de nosso canal no WhatsApp, clique neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link