Após 13 anos e meio de restrições em Londres, incluindo sete na embaixada do Equador e mais de cinco na prisão, Julian Assange recupera a liberdade ao admitir culpa por revelar documentos confidenciais em um tribunal das Ilhas Marianas, território dos EUA no Oceano Pacífico.
O momento e local escolhidos para encerrar esse longo drama levantam diversas questões. A pressão por um acordo cresceu no início do ano, com o primeiro-ministro australiano Anthony Albanese expressando impaciência em fevereiro, e o Parlamento australiano aprovando uma moção pedindo o fim da perseguição ao fundador do WikiLeaks.
A promotoria britânica revelou hoje que, em março, foi informada pela primeira vez sobre a possibilidade de Assange admitir culpa para resolver sua extradição para os EUA. A embaixadora dos EUA na Austrália, Caroline Kennedy, discutiu essa possibilidade nos últimos meses, buscando uma solução, conforme Jared Mondschein, da Universidade de Sydney.
Segundo o UOL, o acordo foi finalizado pouco antes de uma audiência decisiva na Justiça britânica, permitindo à promotoria evitar um processo prolongado e encerrar um caso que tumultuou três administrações americanas sucessivas, criticadas pelos apoiadores do WikiLeaks por suprimir a liberdade de imprensa.
Julian Assange: charged for the "crime" of journalism https://t.co/dRY0xxBhHA
— WikiLeaks (@wikileaks) June 26, 2024
“A administração Biden ficará feliz de encerrar esse caso”, afirmou Jameel Jaffer, especialista em liberdade de expressão da Universidade de Columbia, destacando que foi a administração Trump que apresentou as acusações, enquanto Obama se recusou, preocupado com as implicações para a liberdade de imprensa.
Assange evita uma sentença de até 175 anos, aceitando uma condenação de 62 meses que já cumpriu em Londres, por conspiração relacionada à obtenção e divulgação de informações de defesa nacional. O acordo é visto como controverso, visto que o ativista enfrenta pena por atividades que jornalistas realizam regularmente.
O Departamento de Justiça dos EUA mencionou a relutância de Assange em ser extraditado para o continente americano, optando pela corte nas Ilhas Marianas do Norte, próxima à Austrália, seu país de origem, para onde ele retornará após a audiência judicial.
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