Na última quarta-feira (26), o real teve uma ligeira desvalorização em relação ao dólar. O que pode ser lido como uma situação corriqueira no mercado financeiro foi, segundo o Uol, consequência de uma entrevista do presidente Lula (PT) ao próprio jornal. “Após falas de Lula ao UOL, dólar termina dia em alta de 1,2%, a R$ 5,5188”, dizia a manchete.
Em resposta, o petista afirmou nesta quinta-feira (27) que os responsáveis pela chamada são “cretinos” por desconsiderarem que o resultado financeiro foi fechado antes mesmo da conversa com jornalistas do Uol ser iniciada. “E quando eu terminei a entrevista, a manchete de alguns comentaristas era de que o dólar subiu pela entrevista do Lula. E os cretinos não perceberam que o dólar tinha subido 15 minutos antes de eu dar a entrevista”, disse o presidente.
“Esse mundo perverso, das pessoas colocarem para fora aqui que querem sem medir a responsabilidade do que vai acontecer, é muito ruim. Eu queria dizer Haddad, quem tiver apostando em derivativo vai perder dinheiro neste país. As pessoas não podem ficar apostando no fortalecimento do dólar e no enfraquecimento do real”, concluiu o presidente em referência a uma prática de enriquecimento usada por operadores do mercado financeiro.
Lula chama comentaristas de ‘cretinos’ por associarem suas falas em entrevista à alta do dólar.
“Pessoas achavam que era importante ganhar dinheiro apostando no fortalecimento do dólar e quebraram a cara. E vão quebrar outra vez”, afirmou o presidente.
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— Metrópoles (@Metropoles) June 27, 2024
Na reportagem do Uol, a tese é de que o real desvalorizou-se após Lula afirmar que a “Faria Lima pensa no lucro e não no povo”. “O mercado sempre precifica desgraça, está sempre trabalhando para não dar certo, está sempre torcendo para as coisas serem piores do que são, na verdade. E a economia vai crescer, vai crescer mais do que todos os especialistas falaram até agora que vai crescer”, disse na entrevista.
Outra fala do presidente que teria motivado o desinvestimento na moeda brasileira seria a confirmação de que ele quer aumentar os programas de política social. Na repercussão, o site afirmou que “o mercado lê as falas do presidente como uma falta de preocupação com o fiscal”.
Para sustentar a teoria, o economista Alexsandro Nishimura, sócio da Nomos, foi entrevistado e afirmou que “toda vez que o governo indicar um ajuste somente pela via de aumento da arrecadação, sem corte de gastos, isto vai gerar aversão a riscos, que no mercado se reflete na desvalorização do real, aumento dos juros futuros e queda na Bolsa”.