O ministro de Governo da Bolívia, Eduardo Del Castillo, disse no domingo (30) que o general Juan José Zúñiga, que liderou uma tentativa de golpe de Estado no país sul-americano, ordenou que os militares atirassem contra o povo. Um comandante, no entanto, não obedeceu.
“Zúñiga deu a instrução de atirar nas pessoas que estavam nas imediações do Palácio Quemado [sede do governo] e da Casa Grande [residência presidencial]. O comandante da oitava divisão, de acordo com algumas descobertas, disse a ele que não iria acatar essa ordem e Zúñiga o ameaçou de retirá-lo do cargo”, disse o ministro a uma rádio local, segundo o jornal La Razón.
Del Castillo afirmou ainda que o comandante teria dito que o que estavam fazendo era errado e contra a Constituição do país.
“Imaginem se fosse outro membro das Forças Armadas, de menor patente, e tivesse obedecido a ordem. Provavelmente, neste momento, estaríamos informando a perda de milhares de bolivianos”, destacou.
Segundo o ministro, a insurgência estava sendo planejada desde maio, período em que foram realizados cursos para preparar militares para andar com tanques em áreas urbanas, e que Zúñiga se reuniu com militares da reserva e em serviço, além de civis.
Tanques do Exército da Bolívia cercaram por algumas horas na última quarta-feira (26) a Praça Murillo, sede do governo local, e invadiram o prédio. Na ocasião, o general disse, sem apresentar provas, que o presidente boliviano Luis Arce teria arquitetado um autogolpe para aumentar sua popularidade.
Após horas de impasse, Zúñiga foi preso e os comandantes das Forças Armadas do país foram substituídos. Em seguida, tanques e soldados que cercavam a sede do Executivo se desmobilizaram.