O ‘promotor do triplex’ que desistiu de intimar Lula e a mulher foi derrotado por ele mesmo. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 1 de março de 2016 às 23:18
Cássio Conserino
Cássio Conserino

 

Cássio Conserino, do Ministério Público de São Paulo, o popular “promotor da Veja” ou “promotor do triplex”, jogou a toalha.

Admitiu que Lula e a mulher Marisa Letícia não serão mais intimados a depor (um depoimento dos dois estava marcado para quinta-feira, dia 3).

Mais do que uma vitória dos advogados de Lula, que haviam enviado a defesa por escrito e avisaram que eles não estariam presentes, foi uma derrota de Conserino para ele mesmo.

A Lava Jato deu origem a diversos subprodutos na área jurídica que procuram seguir os passos do ídolo Sergio Moro para ganhar a vida e as manchetes.

Um desses tipos é Conserino. Via Jornal Nacional, ele pediu descuplas por ter citado a possibilidade de “condução coercitiva” do casal. Segundo ele, a expressão foi incluída em sua notificação por culpa do Centro de Apoio à Execução (Caex).

“Talvez tenham utilizado modelo padrão para notificação de testemunhas”, disse num comunicado. Ficou de explicar tudo pessoalmente no TJSP.

O mea culpa de CC aconteceu depois do pedido de habeas corpus preventivo de Lula. Houve duas versões do mandado de Conserino. A primeira convocava os Silvas a falar no dia 07/03/2016; a segunda, no dia 03/03/2016.

Em ambos os casos constava a advertência de que ‘o não comparecimento importará na tomada de medidas legais cabíveis, inclusive condução coercitiva, pela Polícia Civil e Militar’”.

Conserino latiu, latiu e pulou fora. Durante algumas semanas, fez a alegria de centenas de idiotas que celebraram sua “coragem” e tripudiaram sobre a “amarelada” do adversário.

No início de fevereiro, uma pancadaria no Fórum da Barra Funda entre petistas e coxinhas deu uma dimensão da irresponsabilidade de Conserino. Se o pau quebrou sem Lula, imagine com ele na área.

A vontade irrefreável de aparecer já custou caro ao promotor no passado. Antes de ser adotado pela Veja, ele mandou prender, sem provas, policiais e um advogado supostamente envolvidos em esquemas de jogos de azar.

Foi condenado a indenizar o causídico por expô-lo à execração pública. Um juiz apontou que CC “a um só tempo conspurcou e desrespeitou seu próprio trabalho” e causou “verdadeiro sensacionalismo midiático”.

Lula virou um trofeu para todo e qualquer dublê de Savonarola. Cássio Conserino volta agora à sombra de onde foi tirado por outros oportunistas.