Luxo, importados e fintechs: PCC transforma área rica do Tatuapé na ‘Little Italy’ de São Paulo; entenda

Atualizado em 24 de julho de 2024 às 10:25
Sigla do Primeiro Comando da Capital (PCC). Foto: reprodução

As investigações conduzidas pelas polícias de São Paulo e pelo Ministério Público revelaram que o bairro do Tatuapé, localizado na zona leste da capital paulista, se tornou a primeira base de luxo para membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) que saíram das favelas e enriqueceram com o tráfico internacional de drogas.

O promotor Fábio Bechara, do Gaeco, comparou o bairro a “Little Italy” e à “Sicília”, regiões de Nova York e Itália historicamente dominadas pela máfia. “É a nossa Little Italy, a nossa Sicília”, disse Bechara, conforme informações do Estadão.

A investigação aponta diversos caminhos que levam ao Tatuapé e revela uma série de crimes, com destaque para a lavagem de dinheiro do crime organizado. Além dos líderes da facção, muitos de seus familiares e gerentes deixaram as comunidades pobres da zona leste e se mudaram para imóveis luxuosos no Tatuapé.

Eles são vistos frequentando bares, restaurantes e festas em condomínios do bairro, marcando uma transição do ambiente periférico para o mais sofisticado.

“Eles querem mostrar que a favela venceu. É todo um estilo de vida que passa por restaurantes elitizados, bares da moda e muita ostentação. Eles querem ser reconhecidos como pessoas da alta sociedade”, afirmou o delegado Maurício Luyten, do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC).

Operações no bairro

Em 9 de abril, policiais da Rota cumpriram mandados de busca e apreensão, bem como de prisão, na Rua Itapeti, no Edifício Figueira Altos do Tatuapé. Esse prédio, o mais alto de São Paulo com 50 andares e 168 metros, foi um dos 52 locais alvo da Operação Fim da Linha, que investiga a infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) no transporte público da cidade.

Durante a operação no Figueira Altos do Tatuapé, foram encontrados dois fuzis, uma submetralhadora, cinco pistolas e um revólver em um dos apartamentos. Vale destacar que a presença desses armamentos demonstra a infiltração da facção na zona leste, uma área tradicionalmente mais rica.

Edifício Figueira Altos do Tatuapé. na zona leste de São Paulo. Foto: Felipe Rau/Estadão

O apartamento investigado estava registrado em nome da empresa AHS Empreendimentos e Participações, que, na verdade, seria usada pelo traficante Silvio Luiz Ferreira, conhecido como Cebola. Cebola integra a Sintonia Final da Rua, a cúpula do PCC responsável pelos negócios externos aos presídios e é acusado de gerenciar a lavagem de dinheiro gerado pelo tráfico.

O nome da empresa levou os investigadores a Ahmed Hassan Saleh, conhecido como Mude. Saleh é apontado como uma figura central na lavagem de dinheiro, facilitando o controle da empresa de ônibus UPBus e a compra de imóveis de alto valor em áreas como Tatuapé, Jardim Anália Franco e Vila Regente Feijó.

Os imóveis da região, que variam de R$ 2 milhões a R$ 20 milhões, estão sob investigação da Receita Federal e do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Desde 2018, várias propriedades foram revistadas em quatro operações distintas, muitas delas registradas em nome de empresas de fachada para esconder os verdadeiros proprietários, que incluem membros da facção associados a Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.

A Polícia Federal, Polícia Civil, Receita Federal e Gaeco identificaram 41 endereços de apartamentos na área em 12 das 20 principais investigações realizadas nos últimos cinco anos. O esquema também se estendeu a lojas de carros de luxo, com transações de veículos como Lamborghini, Porsche, Ferrari, Mercedes e BMW realizadas com contratos informais para a lavagem de dinheiro.

Além disso, fintechs da região, como a Cash Back Turismo e Serviços Empresariais, foram implicadas, com R$ 200 milhões bloqueados pela Justiça devido à suspeita de que operavam como uma “verdadeira instituição financeira do crime”.

Desde 2018, o Tatuapé também foi palco de violentos acertos de contas relacionados ao tráfico internacional de drogas. Entre os casos mais notáveis estão os assassinatos de Cabelo Duro, Galo, Magrelo, Sem Sangue, Django e o suposto suicídio do Japonês do PCC, cuja morte está sendo investigada como possível indução ao suicídio.

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