O resultado da eleição na Venezuela provocou divisões entre especialistas e autoridades internacionais após o presidente Nicolás Maduro ser declarado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), presidido por um aliado do mandatário.
De acordo com o CNE, até a madrugada desta segunda-feira (29), com 80% das urnas apuradas, Maduro foi reeleito com 51,2% dos votos, enquanto o principal candidato da oposição, Edmundo González, obteve 44%. No entanto, a oposição contesta esses números, afirmando que González venceu Maduro com 70% dos votos.
Diante dessa situação, diversas autoridades internacionais exigiram transparência na apuração. Em contraste, líderes e autoridades de países como Rússia, China, Honduras, Cuba, Bolívia e Nicarágua felicitaram Maduro pela vitória.
Os que contestaram o resultado
Estados Unidos – secretário de Estado, Antony Blinken
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse que o país tem “sérias preocupações de que o resultado anunciado não reflita a vontade ou os votos do povo venezuelano”.
“Temos sérias preocupações de que o resultado anunciado não reflete a vontade ou os votos do povo venezuelano”, diz Antony Blinken.
Secretário de Estado dos EUA afirmou ser ‘fundamental’ que votos sejam contados de maneira justa.
“A comunidade internacional está observando isso… pic.twitter.com/HAw3G7yMYC
— Metrópoles (@Metropoles) July 29, 2024
União Europeia – vice-presidente, Josep Borrell Fontelle
O vice-presidente, Josep Borrell Fontelles, afirmou que a vontade do povo venezuelano deve ser respeitada e destacou a importância da transparência no processo eleitoral. “É vital assegurar a total transparência do processo eleitoral, incluindo a contagem detalhada dos votos e o acesso às atas de votação das mesas eleitorais”, disse.
Reino Unido – Ministério das Relações Exteriores
O Ministério das Relações Exteriores manifestou preocupação com alegações de irregularidades e pediu a publicação rápida e transparente dos resultados completos. “Pedimos a publicação rápida e transparente dos resultados completos e detalhados para garantir que o resultado reflita os votos do povo venezuelano”, postou na rede social X.
Panamá – presidente José Raúl Mulino
O presidente José Raúl Mulino rejeitou o resultado eleitoral e prometeu agir em favor da democracia venezuelana, anunciando medidas de acordo com as regras interamericanas.
“Esperávamos que a vontade popular fosse respeitada, e essa situação foi desconsiderada. Agiremos individual e coletivamente em favor da democracia venezuelana. Anunciaremos as medidas que tomaremos de acordo com as regras interamericanas nas próximas horas”, afirmou Mulino.
Chile – presidente Gabriel Boric
“A comunidade internacional e sobretudo o povo venezuelano, incluindo os milhões de venezuelanos no exílio, exigem total transparência das ações e do processo, e os auditores internacionais não se comprometem com o governo na conta da veracidade dos resultados”, escreveu Boric.
Alemanha – Ministério das Relações Exteriores
O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha disse em nota que “os resultados eleitorais anunciados não são suficientes para dissipar as dúvidas sobre a contagem dos votos” e pediu a publicação detalhada dos resultados de todas as seções eleitorais e o acesso a todos os documentos de votação para a oposição e observadores internacionais.
Argentina – presidente Javier Milei
“Os venezuelanos escolheram acabar com a ditadura comunista de Nicolás Maduro. Os dados anunciam uma vitória gigante da oposição e o mundo aguarda que reconheça a derrota depois de anos de socialismo, miséria, decadência e morte”, escreveu Milei.
DICTADOR MADURO, AFUERA!!!
Los venezolanos eligieron terminar con la dictadura comunista de Nicolás Maduro. Los datos anuncian una victoria aplastante de la oposición y el mundo aguarda que reconozca la derrota luego de años de socialismo, miseria, decadencia y muerte.…
— Javier Milei (@JMilei) July 29, 2024
Uruguai – presidente Luis Lacalle Pou
O presidente Luis Lacalle Pou criticou os resultados, dizendo que o processo estava claramente falho e que não se pode reconhecer um triunfo sem confiança nos mecanismos utilizados.
“Não é assim! Era um segredo aberto. Eles iam ‘vencer’ independentemente dos resultados reais. O processo até o dia da eleição e a contagem estava claramente com falhas. Não se pode reconhecer um triunfo se você não pode confiar nos formulários e mecanismos usados para alcançá-lo”, afirmou.
Espanha – ministro das Relações Exteriores, José Manuel Albares
O ministro das Relações Exteriores, José Manuel Albares, pediu a apresentação das atas de todas as mesas eleitorais para garantir resultados verificáveis e apelou por calma e civismo. “Pedimos que se mantenham a calma e civismo com os quais transcorreu a jornada eleitoral”, disse Albares.
Itália – vice-primeiro-ministro, Antonio Tajani
“Tenho muitas dúvidas sobre o desenvolvimento regular das eleições na Venezuela”, afirmou o vice-primeiro-ministro da Itália, Antonio Tajani, que exigiu “resultados que possam ser verificados”.
Equador – presidente Daniel Noboa
O presidente Daniel Noboa rejeitou a falta de transparência, afirmando que compromete o resultado do pleito e ressaltou os perigos da ditadura.
“Em toda a região, há políticos que tentam se agarrar ao poder e que pretendem tirar a paz dos nossos cidadãos. É isso que enfrentamos, esse é o perigo da ditadura, e hoje somos testemunhas de como mais um deles tenta tirar a esperança de milhões de venezuelanos”, disse Noboa.
Peru – ministro das Relações Exteriores, Javier Gonzalez-Olaecha
O ministro das Relações Exteriores, Javier Gonzalez-Olaecha, também condenou as irregularidades e afirmou que não aceitará a violação da vontade popular. “Condeno em todas as extremidades a soma de irregularidades com a intenção de fraude cometida pelo governo venezuelano”, disse.
Colômbia – ministro das Relações Exteriores, Luis Gilberto Murillo
O ministro das Relações Exteriores, Luis Gilberto Murillo, pediu a contagem total dos votos e uma auditoria independente, destacando a importância de esclarecer dúvidas sobre os resultados.
“Após manter contato permanente com todos os atores políticos envolvidos nas eleições presidenciais, consideramos essencial que as vozes de todos os setores sejam ouvidas. É importante esclarecer quaisquer dúvidas sobre os resultados. Pedimos que a contagem total dos votos, sua verificação e uma auditoria independente sejam realizadas o mais rápido possível”, disse Murillo.
Os que parabenizaram Maduro
Rússia – presidente Vladimir Putin
O presidente russo, Vladimir Putin, enviou uma mensagem a Nicolás Maduro parabenizando-o pela vitória. “Estamos desenvolvendo relações em todas as áreas, incluindo áreas sensíveis”, disse comunicado do Kremlin.
China – Ministério das Relações Exteriores
A China, que mantém laços estreitos com a Venezuela, felicitou Nicolás Maduro pela reeleição. Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês afirmou que a China está disposta a fortalecer a parceria estratégica com o país latino-americano.
Honduras – presidente Xiomara Castro
“Nossa especial felicitação e saudação Democrática, Socialista e Revolucionária ao Presidente Maduro e ao valente povo da Venezuela pelo seu triunfo incontestável, que reafirma sua soberania e o legado histórico do Comandante Hugo Chávez”, disse Xiomara Castro, presidente de Honduras.
Cuba – presidente Miguel Díaz-Canel Bermúdez
Já o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, disse: “Hoje triunfaram a dignidade e o valor do povo venezuelano sobre pressões e manipulações. Transmito ao irmão presidente Maduro nossas afetuosas felicitações por esta vitória histórica e o compromisso de Cuba de estar junto à Revolução Bolivariana e Chavista”.
Bolívia – presidente Luis Arce
“Felicitamos o povo venezuelano e o presidente Maduro pela vitória eleitoral deste histórico 28 de julho. Grande maneira de lembrar o Comandante Hugo Chávez. Acompanhamos de perto esta festa democrática e saudamos o respeito à vontade do povo venezuelano nas urnas”, afirmou Luis Arce, presidente da Bolívia.