“White power”: entenda o gesto racista que ressurgiu nas Olimpíadas

Atualizado em 8 de agosto de 2024 às 15:54
Gesto supremacista sendo repetido entre bolsonarista e nas Olimpíadas. Foto: reprodução

Durante a transmissão das Olimpíadas de Paris 2024, nesta quinta-feira (8), uma cena polêmica envolvendo a técnica da ginasta húngara Fanni Pigniczki, Noémi Gelle, chamou atenção. Gelle fez um gesto que se assemelha ao “white power”, um símbolo frequentemente associado a grupos de supremacia branca e organizações neonazistas. O gesto, inicialmente um sinal de “OK”, tem sido reinterpretado por grupos extremistas como uma referência ao “poder branco”.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) já havia enfrentado uma situação semelhante na semana anterior, quando cancelou a credencial de um funcionário que fez o mesmo gesto durante a final do skate street feminino, prova em que a brasileira Rayssa Leal conquistou a medalha de bronze.

O COI explicou que o responsável pelo gesto não era um funcionário direto da organização olímpica, mas de uma empresa terceirizada no serviço das transmissões.

Funcionário faz gesto supremacista nas Olimpíadas. Foto: reprodução

Casos semelhantes a esse também já ocorreram no Brasil. Em 2021, Filipe Martins, então assessor especial para Assuntos Internacionais de Jair Bolsonaro (PL), foi acusado de racismo ao fazer um gesto semelhante durante uma sessão no Senado. Investigado por participação na tentativa de golpe do 8 de janeiro, ele está preso desde fevereiro de 2023.

Na ocasião, Martins alegou que estava apenas ajustando seu terno e negou qualquer intenção política por trás do gesto. O caso ainda está em julgamento, após a absolvição sumária de Martins ser revisada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que determinou o prosseguimento da ação.

Segundo a Liga Antidifamação (ADL), organização americana que monitora crimes de ódio, o gesto começou a ser associado ao supremacismo branco em 2017, após uma campanha de desinformação no fórum 4chan. A campanha, chamada “Operação O-KKK”, incentivava os usuários a difundir a ideia de que o sinal de “OK” representava a supremacia branca. Na nova conotação, os três dedos esticados simbolizam a letra “W” (de “white”, branco em inglês) e o círculo formado pelo polegar e o indicador representa a letra “P” (de “power”, poder).

Embora a campanha tenha começado como uma “trolagem”, o gesto foi rapidamente adotado por indivíduos e grupos ligados à extrema-direita dos Estados Unidos, se tornando um “dog whistle” (apito para cães), uma mensagem codificada que só seria compreendida por um público específico.

Desde então, o sinal tem sido utilizado como uma estratégia de comunicação para espalhar mensagens supremacistas sem levantar suspeitas imediatas entre o público em geral.

O gesto se popularizou especialmente entre o movimento “alt-right”, um segmento da extrema-direita dos EUA que defende ideologias racistas e antissemitas. Esses grupos acreditam que a direita tradicional não protege adequadamente os interesses dos brancos, o que os motiva a adotar e divulgar símbolos como o “white power”.

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