O “Cutucano”, canal de comunicação mais influente do PSDB, iniciou hoje uma pesquisa interna para medir a intenção de voto dos filiados nas prévias do partido.
Informalmente, o que se apura é João Doria disparado na frente e Andrea Matarazzo estacionado, sem ânimo para fazer o enfrentamento na reta final.
Tentei falar com Andrea, por telefone e por email, mas a resposta foi o silêncio.
Dois podem ser os motivos da negativa: o DCM não pertence ao rol de veículos considerados “amigos”; a estratégia neste momento é manter-se longe do noticiário – neste caso, faz sentido a boataria de que Andrea está para abandonar a disputa.
Se anunciar a decisão de desistir, alegando que o adversário está levando vantagem na “mão grande” por conta de abuso de poder econômico, entre outras ilegalidades, Andrea pedirá sua desfiliação do PSDB e vai seguir para o PSD de Gilberto Kassab, que teria lhe garantido a sigla para encarar a disputa para a qual ele se preparou nos últimos 21 anos, desde primeiro de janeiro de 1995 quando FHC tomou posse como presidente e Mário Covas assumiu o governo de São Paulo.
Independentemente do que vai acontecer nos próximos três dias, o certo é que deu tudo errado na pré-campanha de Andrea Matarazzo.
Primeiro acreditou que o apoio de Serra, FHC, Aloysio e outros medalhões seria suficiente para convencer os filiados.
Depois a própria organização da campanha que desconsiderou qualquer possibilidade de “fazer agrados” para lideres de diretórios zonais.
Por “fazer agrados” entenda algo além de questões corriqueiras neste meio como pagar uma conta de luz a quem precisa, dar um trocadinho para a dona de casa comprar 200 gramas de mortadela para as crianças ou cinco ou seis litros de combustível para o líder popular fazer o trecho no bairro convencendo os amigos de que o candidato é o melhor etc etc.
“Fazer agrados” é também pactuar com os militantes, fazê-los entender que são importantes não apenas no período eleitoral, mas principalmente no exercício do poder.
Quem milita na política quer participar. É o mesmo que o jogador de bola que se integra num time. Por mais perna de pau que seja, ele jamais vai deixar de sonhar com o dia em que vai marcar aquele gol histórico e correr para a torcida.
A despeito de ter ou não abusado das regras, como acusa Matarazzo, João Doria trabalhou melhor este aspecto.
Em todas as reuniões que realizou no primeiro turno, repetiu o mantra de que precisa dos filiados para “recolocar São Paulo nos trilhos, para encontrar os melhores caminhos para construirmos uma cidade melhor”.
Se vai cumprir o combinado é outra conversa. O problema de Andrea Matarazzo é que nem promessa ele fez. Imaginou que seu nome e os apoios que tinha seriam suficientes para convencer os filiados.
Aparentemente, errou – mas isso quem vai dizer não é o “Cutucano”. São as unas neste domingo, 20. Se houver eleição.