O coach bolsonarista e candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB, Pablo Marçal, virou alvo de mais um inquérito da Polícia Civil em uma denúncia apresentada por um ex-participante do reality show “La Casa Digital 3”, que prometia sucesso empresarial aos participantes. O empresário é investigado sob a acusação de causar “perigo para a vida ou saúde de outrem” durante as provas do programa, conforme apurado pelo inquérito que tramita na 2ª Vara Criminal e do Júri de Itu (SP).
O caso em questão pode ser anexado à decisão judicial de 2022, que já proibia Marçal de realizar atividades em picos, montanhas e outros ambientes naturais sem a devida autorização das autoridades competentes, como a polícia, órgãos municipais e a Defesa Civil.
Esta decisão foi motivada por um incidente anterior em que Marçal e um grupo de 32 pessoas se perderam durante uma expedição ao Pico dos Marins. Nas redes sociais, ele também criou corridas surpresas para seus funcionários. Em uma delas, Bruno Teixeira, de 26 anos, morreu de cansaço em junho de 2023.
O boletim de ocorrência foi registrado em maio deste ano na Delegacia de Serra Negra por Luiz Godoy, ex-participante do programa. Godoy relatou ter sido vítima de agressões físicas e verbais, além de ter sua vida colocada em risco durante as provas de resistência física e psicológica do reality. Na última quinta-feira (8), a Polícia Civil instaurou o inquérito para investigar as denúncias.
Em um depoimento que durou cerca de duas horas, Godoy afirmou à polícia que foi alvo de socos na barriga e xingamentos como “trouxa” e “bosta”, supostamente com o objetivo de “desbloquear a mente”, segundo os mentores do programa.
Ele detalhou uma das provas, na qual os participantes foram obrigados a montar uma jangada com canos de PVC e atravessar um lago de aproximadamente 50 metros, sem o uso de coletes salva-vidas ou a presença de bombeiros e médicos no local. Segundo Godoy, o lago era cercado por arame farpado e a água estava em condições insalubres.
O boletim de ocorrência também menciona que, em determinado momento, um dos mentores do programa, Marcos Antônio Fergutis, começou a ofender verbalmente o denunciante, afirmando que ele “não tinha futuro” e era “um trouxa orgulhoso, um bosta”.
Fergutis teria tentado provocar a ira de Godoy para “ativar o desbloqueio mental”. Posteriormente, outro mentor, Rafael Francele, teria atravessado a sala onde os participantes estavam reunidos, desferido um tapa no peito de Godoy e rasgado sua camiseta. Após mandar desligar a câmera, Francele teria puxado Godoy para fora da sala, empurrando-o contra a parede e desferindo dois socos em sua barriga, enquanto apertava seu braço.