USP anuncia diplomação de 15 alunos assassinados pela ditadura militar

Atualizado em 13 de agosto de 2024 às 16:14
Alunos da USP que foram mortos durante a ditadura militar. Foto: reprodução

A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP) realizará uma cerimônia especial para diplomar 15 estudantes da unidade mortos durante a ditadura militar. O evento, que ocorrerá no Auditório Nicolau Sevcenko, no dia 26 de agosto, faz parte do projeto “Diplomação da Resistência”, que visa reparar injustiças e preservar a memória coletiva, além de reafirmar os direitos humanos no Brasil.

“Essa ação significa dizer que a USP não se oculta diante das injustiças, da falta de democracia e de justiça social. Me sinto imensamente feliz por ter sido o diretor que entregou simbolicamente a graduação aos familiares desses nossos alunos que desapareceram no vento nefasto da ditadura”, afirmou Paulo Martins, diretor da FFLCH.

A iniciativa, uma parceria entre a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP), Pró-Reitoria de Graduação (PRG), o gabinete da vereadora e ex-aluna Luna Zarattini, e o coletivo de estudantes Vermelhecer, busca homenagear ao todo 31 estudantes da USP.

Em dezembro do ano passado, Alexandre Vannucchi Leme e Ronaldo Queiroz, alunos do Instituto de Geociências e militantes do movimento estudantil, foram os primeiros a receberem essa honraria.

Estudantes em protesto contra a ditadura militar. Foto: reprodução

Entre os estudantes a serem diplomados, destacam-se figuras como Antonio Benetazzo, militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), que foi torturado até a morte no DOI-CODI/SP em 1972, Carlos Eduardo Pires Fleury, estudante de Filosofia e Direito, também membro da ALN, também torturado e morto em 1971 após retornar clandestinamente ao Brasil, e Helenira Resende de Souza Nazareth, estudante de Letras e vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), que morreu em combate na Guerrilha do Araguaia em 1972.

Outros estudantes, como Jane Vanini e Maria Regina Marcondes Pinto, foram vítimas da repressão fora do Brasil. Jane, militante do Movimiento de Izquierda Revolucionaria (MIR) no Chile, foi presa e morta em 1974 durante a ditadura de Pinochet. Maria Regina desapareceu em Buenos Aires em 1976, em meio à ditadura argentina, e seu corpo nunca foi encontrado.

A diplomação também incluirá estudantes como Fernando Borges de Paula Ferreira, conhecido como “Fernando Ruivo”, líder estudantil que foi morto em uma emboscada policial em 1969, e Sérgio Roberto Corrêa, membro da ALN, que morreu em uma explosão em 1969, em São Paulo.

Os 15 alunos homenageados serão: 

  • Antonio Benetazzo, Filosofia
  • Carlos Eduardo Pires Fleury, Filosofia
  • Catarina Helena Abi-Eçab, Filosofia
  • Fernando Borges de Paula Ferreira, Ciências Sociais
  • Francisco José de Oliveira, Ciências Sociais
  • Helenira Resende de Souza Nazareth, Letras
  • Ísis Dias de Oliveira, Ciências Sociais
  • Jane Vanini, Ciências Sociais
  • João Antônio Santos Abi-Eçab, Filosofia
  • Luiz Eduardo da Rocha Merlino, História
  • Maria Regina Marcondes Pinto, Ciências Sociais
  • Ruy Carlos Vieira Berbert, Letras
  • Sérgio Roberto Corrêa, Ciências Sociais
  • Suely Yumiko Kanayama, Letras
  • Tito de Alencar Lima, Ciências Sociais
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