Fatores por trás da virada de Kamala Harris nas pesquisas; entenda

Atualizado em 19 de agosto de 2024 às 7:04
Kamala Harris. Foto: Divulgação

A corrida presidencial dos Estados Unidos, que parecia previsível, transformou-se em uma das mais dinâmicas e incertas da história recente. Com a decisão surpreendente do presidente Joe Biden de retirar sua candidatura à reeleição após um desempenho questionável no debate de junho, o Partido Democrata depositou suas esperanças na candidatura de Kamala Harris.

De acordo com a média das pesquisas nacionais do FiveThirtyEight, ela é a atual vice-presidente, lidera com 46,1% das intenções de voto, superando seu rival republicano, Donald Trump, que está com 43,4%. Esta mudança nas sondagens é um sinal positivo para a equipe dela, especialmente considerando que Biden estava 3,2 pontos atrás dos republicanos antes de sua retirada.

Julian Zelizer, professor da Universidade de Princeton, comentou à BBC News Mundo que o lançamento da campanha democrata tem atraído atenção positiva e superado desafios com sucesso. Harris está em vantagem em estados-chave como Wisconsin, Pensilvânia e Michigan, conforme pesquisas recentes do The New York Times e Siena College.

Apesar do entusiasmo, a campanha de Harris encara a vantagem com cautela. A eleição é definida por poucos votos em estados cruciais, e a vantagem atual é apenas ligeiramente superior à de Hillary Clinton em 2016, quando Trump saiu vitorioso. Além disso, Harris enfrenta as fragilidades da administração atual, incluindo inflação, imigração e a guerra na Ucrânia.

Kamala Harris e Donald Trump. Foto: Divulgação

Ela conseguiu arrecadar impressionantes US$ 310 milhões em duas semanas, o dobro do valor arrecadado por Trump no mesmo período, evidenciando o forte apoio financeiro à sua campanha.

Kamala Harris, que iniciou sua carreira política como senadora pela Califórnia e procuradora-geral, agora se destaca como candidata a presidente. Com raízes diversificadas e um perfil de “múltiplas identidades”, Harris representa uma ampla gama de eleitores. A sua juventude em comparação com Biden e Trump também ajuda a neutralizar críticas sobre a idade.

A escolha do governador de Minnesota, Tim Walz, como companheiro de chapa de Harris foi estratégica. Ele é popular entre eleitores da classe trabalhadora rural e traz estabilidade à campanha. Sua experiência legislativa e conexão com o Capitólio são vistas como ativos valiosos para a campanha.

Ela tem se destacado pela sua proximidade com o público, uma característica que contrasta com a abordagem mais roteirizada de Biden. Sua campanha se diferencia por um slogan de “liberdade”, que é mais acessível aos eleitores do que o foco de Biden na “ameaça à democracia”.

Embora Harris tenha conseguido eclipsar Trump na imprensa, sua vantagem pode não ser duradoura. A “lua de mel” com o público terminará com a Convenção Nacional Democrata, e a campanha precisará manter o entusiasmo ao longo dos dois meses seguintes, que incluirão debates e desafios contínuos.

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