Os chefes da extrema direita incendiária vão escapar de novo? Por Moisés Mendes

Atualizado em 26 de agosto de 2024 às 23:25
Incêndios em plantações. Foto: Divulgação

Por Moisés Mendes

Já há um candidato ao título de Fátima de Tubarão dos incendiários. Lucas Vieira de Lima foi preso em Bom Jardim, Goiás, e confessou que ateou fogo em áreas de terra da região por “questões políticas”.

Lucas já tem o álibi de que é doente mental e não soube dizer direito qual teria sido a motivação política. Fátima de Tubarão, com total controle da sua mente, falante e articulada, gravou vídeo no 8 de janeiro dizendo que iria derrubar Alexandre de Moraes.

Por que Lucas pode vir a ser uma Fátima de Tubarão? Porque figuras comuns e aparentemente avulsas, como ele e ela, podem formar, como aconteceu na invasão de Brasília, grupos mobilizados para provocar caos e desordem.

E, no fim, podem continuar parecendo avulsas, mesmo que a Justiça diga que não são. E bem no fim, quando o Judiciário se manifesta, só eles e elas, os manezinhos e as Fátimas, acabam sendo condenados.

Em Brasília, juntaram-se mais de 5 mil na invasão, e estavam todos ali, no mesmo espaço, destruindo e gravando vídeos no Planalto, no Supremo e no Congresso. Nas queimadas, eles estão escondidos e dispersos, criando focos de fogaréus mas nem tão perto uns dos outros.

É improvável, na invasão e nas queimadas, que patriotas do 8 de janeiro e incendiários dos canaviais tenham tido a mesma ideia, no mesmo momento, sem ninguém para juntá-los e planejar e financiar suas ações.

É impossível que o acaso tenha multiplicado por 10 os incêndios em São Paulo nessa época. Não é apressado quem concluir que incendiários e patriotas são aparentados. E que os incêndios são parte dos esforços para rearticulação do fascismo.

Incêndios em florestas. Foto: Divulgação

Assim como não são avulsos com cada um lutando por si os 48 presos no 8 de janeiro que disputam algum cargo político nas eleições municipais. Eles têm suporte de partidos e fazem parte de mais uma tentativa de vitimização e organização dos que se acham perseguidos por Alexandre de Moraes.

Entre os 48 candidatos, 14 usam o ‘sobrenome’ Patriota, com P maiúsculo, para reafirmar a condição com que se identificaram em bloqueios de estradas, em acampamentos e na depredação de Brasília.

Um dos que foram presos e usam o apelido de patriota é candidato a prefeito de Itajaí, a cidade catarinense com o maior núcleo de acampados golpistas do país, no entorno de quartéis, depois da eleição. O Rio Grande do Sul tem três candidatas às Câmaras Municipais que usam o sobrenome Patriota.

A afronta dos patriotas ao sistema de Justiça se junta a afrontadores que voltam a atacar o STF, como Silas Malafaia, Monark, Marcos Do Val, Glenn Greenwald e Eduardo Girão. E como outros afrontadores que não são vistos por quem só olha para as capitais, mas reproduzem em pequenas cidades a mesma agressividade dos que falam, durante a campanha eleitoral, em nome do bolsonarismo.

A extrema direita pôs as unhas de fora de novo porque seus líderes continuam impunes e à vontade e se dedicam aos preparativos para a aglomeração de 7 de setembro organizada por Malafaia.

Os incendiários são os patriotas do agro que se juntam aos patriotas das cidades para anunciar de novo que não temem polícia, Ministério Público e Judiciário.

Podemos nos preparar para uma situação em que teremos versões de Fátimas de Ribeirão Preto, com prisões e até condenações, mas sem o julgamento dos seus líderes e financiadores. Sempre sobra para as Fátimas e os manés.

Originalmente publicado no Blog do Moisés Mendes