No primeiro dia do bloqueio do X (antigo Twitter) no Brasil, determinado pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, as publicações de brasileiros na plataforma praticamente desapareceram. No entanto, algumas figuras públicas optaram por desafiar a censura imposta, mantendo suas atividades na rede social.
Além de ordenar o bloqueio do site em todo o território nacional, Moraes estabeleceu uma multa diária de R$ 50 mil para quem utilizar um serviço de VPN, que mascara a localização do usuário, para acessar o X. Devido a essa medida, a maioria dos perfis institucionais parou de atualizar a plataforma neste sábado (31).
As páginas da Presidência da República, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do próprio Supremo Tribunal Federal permanecem no ar, mas não são atualizadas desde sexta-feira (30). Apesar do silêncio de muitos perfis, o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foram exceções.
O PT fez cinco publicações ao longo do dia, a maioria relacionada às eleições municipais, sugerindo que as postagens foram programadas previamente. Já o TSE divulgou o serviço Divulgacand, que reúne informações sobre os candidatos, em uma publicação feita exatamente às 6h da manhã de sábado, também provavelmente programada.
Entre os políticos, a ordem de Moraes foi amplamente respeitada, com governadores como Tarcísio Gomes de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais) e Cláudio Castro (Rio de Janeiro) optando por não publicar no X. No entanto, alguns parlamentares decidiram desafiar a decisão.
O deputado federal Marcel Van Hattem (PP-RS) criticou publicamente Alexandre de Moraes, utilizando a rede social para denunciar a censura. Ele admitiu estar usando VPN para acessar o X e publicou em inglês e português. “Bem-vindos à ditadura!”, escreveu ele na noite de sexta-feira, e mais tarde comentou que “este tweet pode me custar quase 10 mil dólares de acordo com a decisão do tirano Alexandre de Moraes”.
Outro deputado que desafiou o bloqueio foi Nikolas Ferreira (PL-MG). Em uma publicação em inglês, ele afirmou que não recuaria, apesar do risco de ser multado em quase US$ 9 mil por dia. Ferreira também compartilhou uma publicação do perfil do PT no X, criticando o partido por supostamente burlar leis para divulgar candidatos.
Gustavo Gayer (PL-GO) foi mais um parlamentar que se manteve ativo na rede social. Ele questionou o fato de o TSE continuar utilizando o X, mesmo após a ordem de Moraes. “Se nem o TSE respeita a decisão do Moraes, por que nós temos que respeitar?”, indagou Gayer.
As críticas ao bloqueio não ficaram restritas ao Brasil. Elon Musk, proprietário do X, compartilhou a publicação de Van Hattem e criticou duramente o ministro do STF, chamando-o de “ditador do Brasil” e afirmando que ele exerce poderes executivos, judiciais e legislativos. Musk prometeu ainda tornar públicas ordens ilegais enviadas pelo ministro à empresa.
O ex-presidente Jair Bolsonaro não utilizou o X neste sábado, mas se manifestou contra a decisão de Moraes no Instagram. Ele classificou a medida como “mais um duro golpe à nossa liberdade e à nossa segurança jurídica”, alertando para possíveis impactos negativos na economia e na liberdade de expressão no Brasil.
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