“Boules”, “Chatábata”…: Debate com Marçal é esgoto e a única resposta possível é a de Datena: sair na mão

Atualizado em 2 de setembro de 2024 às 9:06
Datena vai para cima de Marçal no debate da Gazeta

Durante o debate da TV Gazeta entre os candidatos a prefeito de São Paulo, Pablo Marçal protagonizou mais um episódio que exemplifica como sua postura normaliza o fascismo instagramável e como falta vontade ou coragem para conter sua fúria assassina contra a ordem democrática.

Em tese, as regras eram mais duras para evitar os vexames anteriores causados pelo coach picareta. No entanto, Marçal, conhecido por seu estilo provocador e desrespeitoso, sabe como utilizar a falta de reação de seus adversários e dos mediadores para tomar controle da baixaria.

Quando ele se referiu ao concorrente Guilherme Boulos como “Boules”, logo no início, numa tentativa de ridicularizar o uso da linguagem neutra usada no Hino Nacional cantado num comício, e nenhum membro da direção interveio, Marçal já havia vencido uma batalha crucial: estabeleceu o tom.

A ausência de uma resposta imediata à sua provocação abriu caminho para que atitudes como a dele se tornassem parte do “jogo”. Daí em diante vieram “Chatábata”, “Bananina”, “Dapena” e novas insinuações de que o candidato do PSol cheira cocaína. Enquanto os contendores respondiam no tête-a-tête, ele fazia o M com a mãos. Um lixo completo.

No momento em que Marçal distorceu o nome de Boulos, ele está, na verdade, introduzindo o baixo nível do encontro. É um gesto que, não contestado, acabou legitimando comportamentos autoritários e preconceituosos em um espaço que deveria prezar pelas propostas e por provocação, digamos, limpa.

Num determinado momento, o apresentador José Luiz Datena acabou por entregar ao vivo um telefonema de Marçal combinando quem bateria em quem. Um bate-boca se seguiu e Datena se encaminho para o púlpito de Marçal, pronto para ir às vias de fato.

A reação impulsiva de Datena foi exatamente o que Marçal esperava: uma confirmação de que ele havia conseguido desestabilizar o ambiente, transformando o debate em uma batalha pessoal, vazia e fonte de recortes. A apresentadora Denise Campos de Tolledo parecia uma professora da quarta série tentando impedir o animal do fundo da classe de jogar chiclete na cabeça do colega.

É importante que figuras públicas, seus assessores e mediadores de debates estejam cientes de que confrontá-lo sem a devida estratégia é dar mais combustível a um discurso que subverte as normas democráticas e fomenta o autoritarismo.

Para enfrentar Pablo Marçal e outros como ele, é necessário não apenas inteligência, mas uma firmeza que não se vê em seus concorrentes ou nos jornalistas que assistem calados um delinquente. Ou se estalecessem regras rígidas, ou não pode haver debate porque eles se transformam, inevitavelmente, no show de horrores de um porco que adora lutar na lama.