Erika Hilton quer multa milionária contra a Meta por associação de ‘negras’ a ‘drogas’

Atualizado em 5 de setembro de 2024 às 21:50
A deputada Érika Hilton (PSOL) de roupa preta e cabelo solto, falando em microfone, séria
A deputada Érika Hilton (PSOL) – Reprodução

A deputada Érika Hilton (PSOL) apresentou uma representação ao Ministério Público Federal (MPF) nesta quinta-feira (5) contra a Meta, empresa responsável pelas plataformas Instagram e Threads. A ação foi motivada por um alerta exibido aos usuários ao buscar o termo “negra”, associando a palavra à venda de drogas.

A parlamentar solicita que a empresa seja condenada a se retratar publicamente e a pagar R$ 50 milhões em indenização por danos morais coletivos.

De acordo com o relato, o aviso também aparecia em pesquisas relacionadas, como “cultura negra”, “mulheres negras” e “pele negra”, com a seguinte mensagem: “A venda, compra ou negociação de drogas ilícitas podem prejudicar você e outras pessoas. Além disso, são práticas ilegais na maioria dos países.”

Meta se desculpa e atribui o caso a problema técnico

Procurada pelo Estadão, a Meta ainda não emitiu resposta oficial. No entanto, em uma nota divulgada anteriormente, a empresa reconheceu o problema, classificando-o como um “erro técnico” e se desculpou pelos transtornos causados.

“Mais cedo, um problema técnico afetou a experiência dos usuários no Instagram e Threads. Resolvemos o problema o mais rápido possível e nos desculpamos por qualquer inconveniente”, informou o comunicado da empresa.

Mensagem exibida no Instagram em resposta às procuras com a palavra “negra”. Reprodução

Ação judicial busca responsabilização da Meta

Hilton pede que o Ministério Público investigue a Meta e tome as medidas extrajudiciais, judiciais e administrativas cabíveis. Segundo a deputada, o comportamento da empresa é “absolutamente inaceitável” e contribui para a perpetuação de estereótipos raciais, violando a legislação brasileira.

“A Meta viola a legislação brasileira ao perpetuar estereótipos e discriminação racial”, afirma a parlamentar em conjunto com a ativista Amanda Paschoal, que também assina a representação. A deputada destaca a gravidade da situação, visto que a rede social possui cerca de 100 milhões de usuários no Brasil, e sublinha o impacto negativo dessa associação entre mulheres negras e o tráfico de drogas.

“É inaceitável que uma rede social com aproximadamente 100 milhões de brasileiros estigmatize e associe as mulheres negras – um quarto da população do nosso País – ao tráfico de drogas de forma automática e emaranhada ao próprio funcionamento da rede social”, concluiu.