Datafolha: Pablo Marçal chegou ao teto ou só deu uma pausa na subida? Por Sakamoto

Atualizado em 6 de setembro de 2024 às 6:29
O candidato à Prefeito de SP Pablo Marçal – Foto: Reprodução

Por Leonardo Sakamoto, jornalista, cientista político e professor da PUC-SP

A grande pergunta que sai da leitura da pesquisa Datafolha divulgada, nesta quinta (5), é: o candidato Pablo Marçal (PRTB) atingiu um teto após um forte crescimento nos últimos levantamentos ou deu apenas uma pausa e voltará a crescer?

Guilherme Boulos (PSOL) aparece com 23%, seguido por Marçal e Ricardo Nunes (MDB). Na pesquisa anterior, há duas semanas, o deputado federal tinha a mesma intenção de voto, o ex-coach contava com 21% (após ter subido sete pontos) e o prefeito marcava 19%.

A margem de erro da pesquisa é de três pontos, para mais ou para menos. Ou seja, os candidatos podem estar mais descolados do que aparentam.

A rejeição a Marçal subiu quatro pontos e atingiu 38%, numericamente a maior entre todos. Isso é fruto do contra-ataque dos demais candidatos, que, puxados pela deputada Tabata Amaral (PSB), expuseram a condenação por furto qualificado que ele sofreu por participar de uma quadrilha de ladrões de senhas de banco e as relações promíscuas de seus correligionários e amigos com o PCC e o tráfico de drogas.

Isso sem contar a derrubada de sua principal conta no Instagram, com 12,9 milhões de seguidores, por ter sido anabolizada de forma ilegal, segundo a Justiça Eleitoral, através de remuneração a seguidores que produziam conteúdo para beneficiá-lo.

Boulos manteve os mesmos 37% de rejeição. A de Nunes caiu de 25% para 21% e a do apresentador José Luiz Datena (PSDB) manteve-se nos mesmos 32%.

O candidato à Prefeitura de SP Pablo Marçal – Foto: Reprodução

Em 28 de setembro de 2018, o então candidato Jair Bolsonaro repetiu a mesma intenção de voto de 28% registrada oito dias antes no Datafolha após uma subida consistente. Muita gente naquele momento garantiu que ele havia chegado a um teto. Fernando Haddad (PT), nesse intervalo de tempo, foi de 16% a 22%.

No primeiro turno, em 7 de outubro, Bolsonaro teve 46% e Haddad, 29%. E, no segundo, fechou a fatura por 55% a 45%.

Por mais que os personagens e os contextos sejam diferentes, e por mais que a rejeição a ele esteja subindo no geral, os deuses da política rogam que ainda é cedo para afirmar que Marçal chegou a um patamar definitivo.

O empresário tem crescido entre os bolsonaristas, tendo passado de 44% para 48% na preferência dos eleitores do ex-presidente. Nunes, apoiado (sic) por Jair, oscilou de 30% para 31% entre esse grupo. Há ainda terreno para o empresário crescer com um discurso que, no conteúdo, mistura uma versão motivacional da teologia da prosperidade, antipolítica e propostas exequíveis e, na forma, agressividade e cortes de vídeos voltados para redes sociais.

A eleição de 2018 também mostrou que a percepção de que alguém é o candidato de Lula demora para colar.

Haddad só tinha 4% em 22 de agosto. Mesmo com o início do horário eleitoral no rádio e na TV, Boulos segue com os mesmos 23%. Sua equipe aposta em pesquisas internas que mostram que os eleitores paulistanos estão aos poucos percebendo que ele não apenas está com o presidente, mas também que Marta Suplicy é sua vice. Ambos são apontados como puxadores de votos.

Originalmente publicado em Uol