No cenário político dos Estados Unidos, um dos mais influentes líderes do Partido Republicano no início do século XXI, Dick Cheney, declarou que votará em Kamala Harris nas próximas eleições. O veterano, conhecido por sua associação direta com a Guerra ao Terror durante a administração de George W. Bush, junta-se a um número crescente de republicanos que se recusam a apoiar um novo mandato de Donald Trump.
Cheney foi enfático em sua declaração: “Nos 248 anos de história da nossa nação, nunca houve um indivíduo que fosse uma ameaça maior à nossa república do que Donald Trump. Ele tentou roubar a última eleição usando mentiras e violência para se manter no poder depois que os eleitores o rejeitaram. Ele nunca mais poderá ser confiável com poder”.
“Como cidadãos, cada um de nós tem o dever de colocar o país acima do partidarismo para defender nossa Constituição. É por isso que votarei na vice-presidente Kamala Harris”, completou ele.
A filha de Dick, Liz Cheney, ex-deputada e também uma voz crítica ao trumpismo, antecipou o apoio do pai à vice-presidente durante um evento no Texas. Liz, que já havia declarado seu voto em Kamala Harris, reforçou a gravidade da situação atual e a ameaça que Trump representa à democracia americana.
Com o Partido Republicano cada vez mais dominado por Trump e figuras associadas a teorias da conspiração, muitos membros tradicionais do partido têm se afastado publicamente do ex-presidente. Durante a Convenção Nacional Democrata, em agosto, diversos republicanos declararam apoio a Kamala Harris, incluindo antigos colaboradores do governo Trump e membros que participaram de suas campanhas anteriores.
Ainda em agosto, cerca de 200 republicanos assinaram uma carta em apoio a Kamala Harris, argumentando que um novo mandato de Trump seria “simplesmente insustentável”. A postura crítica de Dick Cheney em relação ao candidato não é recente. Após a invasão do Capitólio por apoiadores de Trump, em 6 de janeiro de 2021, Cheney criticou duramente o Partido Republicano pelo apoio às tentativas de reverter o resultado das eleições.
Embora o apoio de Dick Cheney a Kamala Harris seja carregado de simbolismo, ele pode não ser visto como positivo por todos os democratas. O ex-vice-presidente de George W. Bush está profundamente ligado à Guerra ao Terror, uma resposta aos ataques de 11 de setembro de 2001.
Os conflitos subsequentes no Iraque, Afeganistão e outras regiões resultaram em quase um milhão de mortes e um custo de US$ 8 trilhões, deixando um legado de instabilidade no Oriente Médio, Ásia Central e África. Devido a seu envolvimento nesses conflitos, Cheney ainda é criticado e, por alguns, considerado um criminoso de guerra, inclusive por apoiadores da campanha de Kamala Harris.