Gastos de brasileiros com apostas podem chegar a R$ 216 bilhões em 2024

Atualizado em 25 de setembro de 2024 às 17:34
Encenação de aposta esportiva em app de bet. Foto: reprodução

Em 2024, o mercado de apostas no Brasil já superou todas as projeções iniciais, revelando uma movimentação financeira muito acima das expectativas do governo federal. Dados do Banco Central mostram que, de janeiro a agosto deste ano, o volume bruto de recursos destinados pela população às empresas de apostas por meio do Pix alcançou entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões mensais. Com isso, o total do período já ultrapassa R$ 166 bilhões, superando as estimativas usadas pelo Ministério da Fazenda, que calculavam uma movimentação anual de até R$ 150 bilhões.

Caso esse ritmo de movimentação se mantenha ao longo de 2024, o valor bruto anual apenas com o Pix poderá atingir cerca de R$ 249 bilhões, um número 44% superior ao previsto pelo governo. E essa cifra não leva em conta os pagamentos realizados por outros meios, como cartão de crédito ou transferências TED, que também movimentam parte significativa desse mercado.

Apesar de o setor de apostas ser uma novidade no país, o crescimento acelerado das transações ligadas às plataformas de apostas tem levantado preocupações em diferentes setores do governo. O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, já alertou que o crescimento dos jogos de apostas está se tornando um problema social sério, especialmente entre as camadas mais vulneráveis da população.

O impacto dessa expansão também foi sentido entre os beneficiários do Bolsa Família. Em agosto, o volume bruto destinado a apostas por usuários do programa social chegou a R$ 3 bilhões, o equivalente a 20% do valor total pago às famílias naquele mês.

Esse dado chamou a atenção do ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, que solicitou mais informações ao Ministério da Fazenda. “Certamente a situação das pessoas mais vulneráveis e outros aspectos sociais serão considerados quando da regulamentação do mercado de apostas”, afirmou Dias em nota oficial.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em conversa com o presidente Lula (PT). Foto: Gabriela Biló/Folhapress

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também expressou preocupação com a popularidade das apostas, que tem contribuído para o aumento da inadimplência no país. “Uma coisa que tem gerado preocupação na ponta é que o crescimento é muito grande”, disse Campos Neto.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou essa preocupação, destacando que o endividamento das pessoas mais pobres em busca de ganhos rápidos com apostas deve ser controlado. “Estamos percebendo no Brasil o endividamento das pessoas mais pobres tentando ganhar dinheiro, fazendo aposta. É um problema que vamos ter que regular”, declarou Lula, alertando para os riscos de uma crise financeira entre as famílias mais vulneráveis.

Em resposta a essas preocupações, o Ministério da Fazenda já começou a se preparar para implementar medidas de controle mais rígidas no setor. A partir de janeiro, o governo pretende derrubar plataformas fraudulentas de apostas, como os chamados “jogos do tigrinho”, utilizando um certificado de legitimidade emitido por empresas internacionais.

Sites que não possuírem esse selo serão retirados do ar no Brasil, em uma ação coordenada pela Fazenda, em conjunto com a AGU (Advocacia-Geral da União), a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e a Polícia Federal.

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