Ana Carolina Marçal, esposa de Pablo Marçal, candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB, atua como coach focada em “mulheres do lar”, em um estilo semelhante ao movimento conservador conhecido como “tradwife” (esposa tradicional).
Casada com Pablo há 15 anos, Carol, como é conhecida em suas redes sociais, possui uma base de seguidoras composta principalmente por mulheres cristãs interessadas em aprender sobre criação dos filhos, manutenção do casamento e como “ativar o Reino de Deus” em seus lares.
Em suas raras declarações políticas, Ana Carolina mostrou certa relutância em relação às candidaturas de seu marido, mas acabou apoiando sua decisão, ainda que à distância, por acreditar que a disputa seria um “chamado de Deus” para Pablo.
Carol Marçal dedica seu trabalho como coach ao público feminino, a quem ela chama de “princesas”, enquanto Pablo oferece mentorias empresariais que chegam a custar até R$ 300 mil. Ela oferece cursos, livros, diários e palestras ao vivo voltados para ajudar mulheres a organizarem suas rotinas em casa, e o valor desses produtos pode chegar a R$ 10 mil.
Um exemplo foi o evento presencial de dois dias chamado “Imersão – A Mulher do Reino”, realizado em abril de 2022. A temática central de seus cursos é a exaltação da virilidade masculina e a submissão feminina, fundamentados em passagens bíblicas.
Ana Carolina e Pablo Marçal também disponibilizam uma plataforma chamada “A base de tudo”, que custa R$ 300 por ano. Essa plataforma funciona como um streaming de conteúdos produzidos pelo casal e outros coaches, abordando temas como criação dos filhos, casamento, prosperidade financeira e o combate ao que chamam de “marxismo cultural”.
Submissão
Ana Carolina é a voz do podcast “Café com Carol Marçal”, em que atua como líder espiritual, compartilhando mensagens bíblicas para orientar as mulheres sobre como agir em relação ao marido e aos filhos.
Em uma das edições, ela aborda o tema da submissão: “Mulher, se você tem dificuldade de se submeter ao seu marido, se você fala: ‘Carol, ele não me ama, ele não me valoriza, ele faz tanta sacanagem comigo’, erga ele no nível mais alto possível que aí vai ser fácil se submeter”, explica.
Já no livro “Família, a base de tudo”, Ana Carolina associa o que ela chama de “fracasso das famílias” ao “marxismo cultural”. Ela afirma que a destruição da estrutura familiar seria algo proposital, criado por Karl Marx, e defende que as mulheres não devem tentar ser como os homens nem impedir que eles exerçam seu papel de patriarca, sob pena de terem filhos rebeldes.
“Tudo isso é fruto do marxismo cultural, que busca ferir a imagem e a autoridade do homem para que ele não proteja mais sua família”, afirma, nos primeiros capítulos do livro.
Como exemplos dessa suposta destruição da família, Ana Carolina cita programas de TV como “Os Simpsons” e “Peppa Pig”, que, de acordo com ela, “reduzem o poder do pai”.