Bombardeios israelenses neste domingo (29) mataram ao menos 77 pessoas no Líbano, nove na Faixa de Gaza e um número ainda desconhecido de vítimas no Iêmen. Reagindo aos ataques, o presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, pediu ajuda internacional para conter o belicismo de Israel.
“Os combatentes libaneses não devem ser deixados sozinhos nesta batalha para que o regime sionista (Israel) não ataque os países do Eixo de Resistência [aliados do Irã], um após o outro”, disse ele.
Pezeshkian disse que o assassinato de um vice-comandante da Guarda Revolucionária Iraniana, Abbas Nilforoushan, morto no ataque que também matou o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em Beirute, será vingado.
“Não podemos aceitar tais ações e elas não ficarão sem resposta. Uma reação decisiva é necessária”, disse Pezeshkian. Fontes do Hezbollah confirmaram a morte do líder do grupo.
Mais de 20 mil brasileiros
O Ministério da Saúde do Líbano diz que os ataques israelenses mataram 77 pessoas neste domingo, enquanto aeronaves do exército continuam bombardeando sem parar todo o país, incluindo os subúrbios da capital libanesa.
Apesar de alegar ter como alvo o Hezbollah, entre as vítimas dos ataques de Israel há um grande número de civis, mulheres e crianças, sem ligação com o grupo xiita. Centenas de milhares de libaneses já deixaram suas casas, temendo bombas de Israel.
Entre as vítimas, estão dois brasileiros: o adolescente Ali Kamal Abdallah, de 15 anos, natural de Foz do Iguaçu, morto durante bombardeios israelenses no Vale do Bekaa, sul do Líbano, na segunda-feira (23); e Mirna Raef Nasser, de 16 anos, natural de Balneário Camboriú (SC), morta no mesmo dia.
Em nota, o Itamaraty afirmou que a embaixada do Brasil em Beirute está prestando assistência às famílias e condena os ataques de Israel. Há mais de 20 mil cidadãos brasileiros no Líbano. Em Gaza, nove pessoas foram mortas por Israel nas últimas 24h, elevando o número de mortos para 41.595 desde o início do massacre, em outubro.
O exército israelense também bombardeou, neste domingo portos e centrais de energia em Hodeida, uma cidade no oeste do Iêmen, controlada pelos rebeldes Huthis, segundo informou a rede Al Masirah, controlada pelos insurgentes.
Os Huthis, aliados do Irã, assim como do movimento libanês Hezbollah e do grupo palestino Hamas, abriram uma frente contra Israel em “solidariedade” aos palestinos de Gaza. No sábado, eles assumiram a responsabilidade por um disparo de míssil contra o aeroporto de Tel Aviv.
Pode isso?
O analista político Mohammed Nadir, da Universidade Federal do ABC, disse ao Brasil de Fato que “estamos observando uma escalada sem precedentes”, com elementos novos que fragilizam o direito internacional.
“Quando Israel usa mais de 80 bombas de duas toneladas cada para assassinar Nasrallah, isso é sinal de que o país tem aval para usar sua capacidade bélica indiscriminadamente em um país vizinho”, avalia.
“A mensagem é que qualquer país pode esmagar um inimigo e nada acontece, fragiliza o sistema internacional”, complementa Nadir.
Para o analista, os ataques recentes mostram ainda grande capacidade dos serviço secretos israelenses, intensamente criticados por não evitarem a investida do Hamas em 7 de outubro que matou mais de 1,2 mil israelenses e fez centenas de reféns.
“Houve muita infiltração israelense em redes do Hezbollah, do Hamas e até no Irã. Sem dúvida, para ter sucesso nessas operações, os militares israelenses tiveram ajuda de colegas dos EUA, britânicos e franceses”, completa.
Originalmente publicado no Brasil de Fato
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