‘Zambellada’: Laudo falso faz Marçal virar piada entre bolsonaristas

Atualizado em 8 de outubro de 2024 às 15:20
O ex-coach Pablo Marçal e a deputada bolsonarista Carla Zambelli. Foto: reprodução

A campanha de Pablo Marçal (PRTB) à prefeitura de São Paulo sofreu um duro revés após a divulgação de um laudo falso sobre uma suposta internação de Guilherme Boulos (PSOL) por consumo de cocaína. O documento, compartilhado nas redes sociais do ex-coach, foi divulgado na noite anterior ao primeiro turno das eleições municipais, gerando uma onda de críticas e frustração, inclusive, entre seus apoiadores e os “bolsonaristas raiz”.

Nos grupos de WhatsApp e nas conversas informais entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, o episódio foi apelidado de “Zambellada”. A expressão faz referência à deputada Carla Zambelli (PL-SP), que, na véspera do pleito de 2022, perseguiu o jornalista Luan Araújo, apoiador de Lula, empunhando uma arma em São Paulo. O incidente é amplamente considerado um fator que contribuiu para a derrota de Bolsonaro naquele ano.

A comparação com Marçal surge porque muitos de seus apoiadores acreditam que, sem a divulgação do laudo falsificado, o ex-coach teria garantido uma vaga no segundo turno, à frente de Boulos e do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Carla Zambelli perseguindo Luan Araújo na véspera das eleições de 2022. Foto: reprodução

Os bolsonaristas acreditam que, não fosse pela divulgação do documento falso, o ex-coach de extrema-direita teria superado Boulos, que avançou ao segundo turno com 56.853 votos a mais.

O sentimento de decepção se intensifica entre os apoiadores de peso de Marçal, incluindo empresários da região da Faria Lima, que teriam oferecido doações substanciais, na casa de cinco ou seis dígitos, para sua campanha. Agora, o episódio ameaça não apenas o futuro político do influenciador, mas também a confiança de seu eleitorado.

Além de minar suas chances de avançar na corrida pela prefeitura da maior cidade do país, a publicação do laudo falso pode custar a Marçal até oito anos de inelegibilidade. A Polícia Civil já realizou a perícia no documento, confirmando sua falsidade.

À esquerda, documento com a assinatura original de José Roberto de Souza. À direita, documento falsificado usado por Marçal. Foto: reprodução

A prova foi apresentada pelo ex-coach logo após Boulos exibir um exame toxicológico negativo durante o último debate entre os candidatos, transmitido pela TV Globo, antes do primeiro turno.

A campanha de Boulos, vítima da informação falsa, reagiu prontamente e entrou com uma representação criminal na Justiça Eleitoral contra o ex-coach. O impacto negativo da estratégia do influenciador não se limita a esse episódio, uma vez que sua campanha também enfrenta outras ações judiciais.

A deputada federal Tabata Amaral (PSB) entrou com um processo para investigar a suposta existência de uma rede de apoiadores pagos que estaria impulsionando conteúdos pró-Marçal.

Além disso, o jornalista e candidato José Luiz Datena (PSDB) também acionou a Justiça pedindo indenização por danos morais, após ser alvo de ofensas que culminaram em uma agressão física durante um evento de campanha – episódio que ficou marcado pela “cadeirada”. Marçal também processa Datena em resposta.

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