Morreu neste sábado (12), em São Paulo, o humorista Ary Toledo, aos 87 anos, deixando um legado inigualável na cultura popular brasileira. Ary foi um dos maiores nomes do humor no Brasil, conhecido por sua irreverência e suas piadas que transitavam entre temas sociais, políticos e de duplo sentido.
A notícia de seu falecimento foi divulgada por meio de seu perfil oficial nas redes sociais, com a mensagem: “Com profundo pesar, anunciamos o falecimento de Ary Christoni de Toledo, um humorista brilhante que iluminou nossas vidas com seu talento e risadas. Que sua memória continue a trazer sorrisos a todos nós… Sentiremos a sua falta, Mestre”.
Nascido em 22 de agosto de 1937, em Martinópolis, São Paulo, Ary cresceu em Ourinhos, também no interior do estado, onde desde jovem já demonstrava seu talento nato para o humor. Foi no final dos anos 1950 que sua carreira artística teve início no Teatro de Arena.
Com um estilo único, ele rapidamente se destacou pela capacidade de transformar o cotidiano em piadas carregadas de crítica e sátira, sendo considerado um pioneiro ao abordar temas polêmicos de maneira leve e provocativa. Além de piadas, ele também compôs músicas engraçadas e, uma delas, o fez ficar conhecido como “comedor de giletes”.
Durante os anos 1960 e 1970, Ary Toledo alcançou o auge de sua popularidade. Sua presença na rádio e televisão se tornou constante, e seus discos de piadas foram verdadeiros fenômenos de vendas.
Nesse período, ele lançou canções humorísticas que brincavam com o cotidiano, mas também traziam críticas sociais afiadas, o que consolidou sua posição como um dos maiores humoristas do país. Sua versatilidade artística permitiu que ele transitasse entre o popular e o sofisticado, sempre arrancando risadas com sua sagacidade.
Exemplo desse talento é o “Monólogo do F”. O quadro consiste na conversa de um garçom e um cliente que se comunica apenas com palavras iniciadas com a sexta letra do alfabeto. Por mais de 6 minutos, o humorista reproduzia mais de 600 palavras com F e, por fim, finalizava bem ao jeito Ary Toledo.
Entre as várias facetas de sua carreira, Ary também se destacou como cantor, compositor e ator. Sua contribuição ao humor e à cultura brasileira foi multifacetada, com mais de 65 mil piadas em seu repertório, incluindo 5 mil criadas durante a pandemia de Covid-19.
Nos anos 1980, ele virou uma atração fixa no “Show de Calouros”, do SBT, apresentado por Silvio Santos. Um dos momentos mais aguardados pelo público era que ele contasse a famosa piada do “elefante suicida”, mas o dono da emissora o impedia de finalizar o trocadilho. O desfecho da piada foi revelado décadas depois no podcast “Inteligência LTDA”, apresentado por Rogério Vilela. Veja:
O comediante usou o humor para continuar provocando reflexões e risos, mesmo enfrentando dificuldades pessoais e problemas de saúde, mostrando a resiliência que sempre caracterizou sua trajetória.
Casado por mais de 40 anos com a atriz e jornalista Marly Marley, Ary enfrentou um dos momentos mais difíceis de sua vida quando perdeu a esposa em 2014. A relação duradoura e sólida foi um dos pilares do humorista, que não escondeu o luto após a morte de Marly.
Ainda assim, ele continuou trabalhando, mantendo-se ativo no cenário artístico mesmo nos momentos mais difíceis. Nos últimos anos, o humorista enfrentou complicações de saúde, mas nunca deixou de se reinventar e de buscar maneiras de manter seu humor vivo.
Seu jeito irreverente e sua facilidade para improvisar conquistaram o público e a crítica, tornando-o um dos humoristas mais respeitados do Brasil. Ele era uma presença constante nos lares brasileiros, e suas piadas e observações sobre a política e a sociedade brasileira marcaram gerações.
Ary Toledo não foi apenas um humorista; foi um cronista da sociedade brasileira. Suas piadas muitas vezes desafiavam o status quo, abordando temas como política e sexualidade de forma inteligente e bem-humorada. Ele influenciou uma geração de comediantes e deixou uma marca profunda na comédia nacional, sendo reconhecido como um dos precursores do humor crítico e reflexivo.
O corpo de Ary Toledo será velado neste sábado no Ossel Memorial, em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, e a cerimônia de despedida está marcada para as 19h. Amigos, familiares e fãs poderão prestar suas últimas homenagens ao humorista que atravessou décadas levando alegria a milhares de brasileiros.
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