Responsável por laboratório que não atestou HIV em doador está em “desvio de função”

Atualizado em 12 de outubro de 2024 às 15:17
Laboratório PCS LAB Saleme, em Nova Iguaçu. Foto: Leo Martins / Agência O Globo

Walter Vieira, ginecologista e responsável técnico pelo PCS Lab Saleme, laboratório interditado após laudos que levaram à infecção por HIV de seis transplantados no Rio de Janeiro, pode estar atuando de forma irregular. Segundo normas do Conselho Federal de Medicina (CFM), para atuar como diretor técnico, o médico deve ter especialização em patologia, o que não é o caso de Vieira, cuja formação é em ginecologia e obstetrícia. A atuação dele no laboratório pode configurar “desvio de função”, uma vez que não possui a titulação exigida para a área de análises clínicas.

O Cremerj abriu uma sindicância para investigar a atuação dos médicos envolvidos nos erros que resultaram nas falhas nos transplantes, incluindo a responsabilidade de Walter no PCS Lab Saleme. Em janeiro, três transplantados foram infectados após um doador de órgãos com HIV não ser identificado nos laudos do laboratório. O caso se repetiu em maio, infectando mais três pessoas. A investigação irá analisar a participação de Walter na cadeia de erros que levou a essas infecções.

Walter Vieira, registrado no Cremerj desde 1996, não menciona especialização em patologia em seu perfil profissional. Ele informa que atua em temas como menopausa, reposição hormonal e cirurgia ginecológica, sem qualquer menção à patologia ou análises clínicas. Além disso, o site do laboratório não apresenta serviços relacionados à ginecologia, levantando mais suspeitas sobre sua atuação como responsável técnico.

As informações são de Lauro Jardim de O Globo.