Nesta quinta-feira (17), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que, caso a regulamentação das empresas de apostas esportivas (bets) não seja eficaz, o governo poderá proibir esses serviços no Brasil. Em entrevista à rádio Metrópole, de Salvador (BA), o petista destacou a preocupação com o impacto das apostas, especialmente sobre a população mais vulnerável.

“Nós vamos ver se a regulação dá conta. Se a regulação der conta, está resolvido o problema. Se não der conta, eu acabo. Ficar bem claro. Você não tem controle do povo mais humilde, de criança com celular na mão fazendo aposta. Nós não queremos isso”, afirmou Lula, ressaltando a necessidade de proteger o público mais jovem e as famílias de baixa renda.

“Se regulação não der conta, eu acabo”, diz Lula sobre bets.

Em entrevista nesta quinta-feira (17), presidente defendeu a regulação do setor.

“Você não tem controle do povo mais humilde, de criança com celular na mão fazendo aposta”, argumentou o petista. pic.twitter.com/N1TUY2Kmtt

— Metrópoles (@Metropoles) October 17, 2024

Desde o ano passado, o governo federal tem trabalhado para estabelecer uma regulamentação específica para as apostas esportivas online, um setor que tem se expandido rapidamente no Brasil. O objetivo é definir regras claras e parâmetros de operação para os sites de apostas, buscando evitar abusos e irregularidades.

Segundo um levantamento do Banco Central, os brasileiros gastaram, em média, cerca de R$ 20 bilhões por mês em apostas online nos primeiros oito meses de 2024.

Para tentar controlar esse crescimento desenfreado, o Ministério da Fazenda estabeleceu uma série de medidas, como a proibição do uso de cartões de crédito e de cartões do programa Bolsa Família nos cadastros dos sites de apostas. A ideia é evitar que benefícios sociais sejam utilizados em atividades de risco financeiro, como o jogo online.

A regulamentação completa do setor ainda está em andamento, com previsão de que a fiscalização mais rigorosa comece apenas em 2025. Até lá, o governo federal tem trabalhado na adequação dos sites de apostas, bloqueando aqueles que não seguem as regras estabelecidas.

De acordo com o Ministério da Fazenda, mais de 2 mil sites já foram bloqueados por não iniciarem o processo de regularização.

Mesmo com essas medidas, a fiscalização tem enfrentado dificuldades. Um levantamento recente do G1, realizado na terça-feira (15), encontrou 18 sites de apostas irregulares ainda operando, mesmo após a inclusão de seus domínios na lista de bloqueio da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Esses sites, que operam em endereços alternativos quase idênticos aos originais, continuam oferecendo serviços de apostas de forma clandestina.

O governo, ciente das limitações atuais da regulamentação, promete intensificar os esforços para impedir a atuação dessas empresas irregulares. “A fiscalização será ponto a ponto”, afirmou uma fonte do Ministério da Fazenda, destacando que o processo de adequação dos sites de apostas será monitorado com rigor a partir do próximo ano.

Veja a lista de plataformas que deveriam ser bloqueadas e seguem ativas com novos sites até quarta-feira (16):