O Hezbollah não assumiu a responsabilidade pelo envio do drone contra a residência privada do líder israelense, mas a missão iraniana das Nações Unidas disse que o grupo islâmico xiita estava por trás do ataque. Ao reagir ao ataque, ontem, Netanyahu reafirmou ameaças. “Digo aos iranianos e a seus aliados do eixo do mal: qualquer pessoa que prejudique os cidadãos do Estado de Israel pagará caro por isso”, disse Netanyahu em um comunicado.
O Exército israelense alegou ter bombardeado um “centro de comando” do Hezbollah e uma fábrica subterrânea de armas em Beirute. Anunciou também que matou três milicianos do movimento libanês em outros ataques no sul do país. Pouco depois, o exército relatou 70 “projéteis” disparados do Líbano em questão de minutos. Alguns deles foram interceptados, dizia a nota.
Na noite de domingo, o exército israelense anunciou que iria atacar as instalações da empresa financeira “Al-Qard al-Hassan”, por “envolvimento no financiamento das operações terroristas do Hezbollah”. Em uma mensagem publicada em árabe no X, o porta-voz do exército Avichay Adraee recomendou à população para deixar as áreas próximas dos edifícios dessa instituição financeira em um subúrbio ao sul de Beirute.
Além de sua ofensiva no Líbano desde meados de setembro, o Exército israelense continua a bombardear a Faixa de Gaza, onde combate o movimento islamista palestino Hamas, aliado do Hezbollah.
“Cerca de 175 alvos terroristas na Faixa de Gaza e no Líbano” foram bombardeados no sábado (19), detalhou o Exército israelense. Durante uma visita ao norte de Israel, o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, fez uma avaliação do conflito. “Não estamos apenas derrotando o inimigo, mas também destruindo-o em todas as cidades ao longo da fronteira”, declarou Gallant, um dos aliados linha-dura de Netanyahu.
Explosão de casas no Líbano
No Líbano, mais de 50 localidades no sul foram bombardeadas neste domingo, segundo a agência de notícias libanesa ANI, que relatou “14 ataques consecutivos” em apenas 15 minutos contra a cidade fronteiriça de Khiam. A ANI também informou que o Exército israelense explodiu várias casas em três cidades que fazem fronteira com Israel. Em Beirute, a capital, um dos atentados atingiu um edifício residencial perto de “uma mesquita e de um hospital”, segundo a mesma fonte.
O Exército libanês anunciou a morte de três dos seus soldados por disparos israelenses contra um dos seus veículos no sul.
O Hezbollah assumiu a responsabilidade pelo disparo de foguetes contra a cidade israelense de Haifa, contra três bases militares no norte e contra tropas israelenses no sul do Líbano.
ONU denuncia demolição de torre de observação
A missão de paz da ONU no Líbano (Unifil) denunciou que uma “escavadeira” do exército israelense “demoliu deliberadamente”, no domingo, uma “torre de observação e a cerca” de uma posição das Nações Unidas em Marwahin.
“Apesar da pressão exercida sobre a missão (…) as forças de manutenção da paz permanecem estacionadas em todas as posições”, afirma um comunicado divulgado à imprensa. “Continuaremos a cumprir as tarefas para as quais fomos mandatados”, principalmente “monitorar e reportar” a situação na fronteira entre Israel e o Líbano, acrescenta a Unifil.
Depois de enfraquecer o Hamas em Gaza, Israel transferiu a maior parte das suas operações para o Líbano, intensificando seus bombardeios em 23 de setembro e lançando incursões terrestres uma semana depois. O objetivo, segundo as autoridades israelenses, é permitir o retorno para o norte de cerca de 60 mil pessoas deslocadas há um ano pelo lançamento de foguetes do movimento islamista.
Pelo menos 1.454 pessoas morreram no Líbano desde 23 de setembro, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais. A ONU contabiliza cerca de 700 mil pessoas deslocadas no país.
“Massacre hediondo” em Gaza
Ao mesmo tempo em que endurece os ataques aéreos no Líbano, o exército israelense intensifica a sua ofensiva contra o Hamas, na Faixa de Gaza, depois de ter eliminado o chefe do movimento islâmico, Yahya Sinwar, na quarta-feira. Operações “no norte, centro e sul” do território palestino “eliminaram dezenas de terroristas”, segundo Israel. Um ataque ocorrido na véspera deixou 73 mortos “e um grande número de feridos” em Beit Lahia, no norte do enclave, segundo a Defesa Civil de Gaza.
Neste domingo, as famílias choravam a morte de seus entes queridos que jaziam em mortalhas brancas no hospital Kamal Adwan, um dos principais da região. Os feridos recebiam atendimento no chão do hospital.
A Organização para a Cooperação Islâmica (OIC) condenou um “massacre hediondo”. Mas Israel alegou ter visado “um alvo” do Hamas e garantiu que a avaliação das autoridades de Gaza “não correspondia” às informações do Exército israelense.
Antes deste ataque, a Defesa Civil tinha registado “mais de 400 mortes” no norte de Gaza desde o início da ofensiva lançada pelo exército israelense em 6 de outubro no setor de Jabalia, onde afirma que o Hamas reconstrói as suas forças.
Os palestinos estão vivenciando “horrores indescritíveis” na região, denunciou no sábado a diretora interina da ONU para ajuda humanitária, Joyce Msuya.
“Estamos presos, sem comida, água e medicamentos, e corremos o risco de morrer de fome no meio dos escombros e da destruição”, disse Ahmad Saleh, um palestino de 36 anos, à AFP em Beit Lahia.
As guerras em Gaza e no Líbano ocorrem em um contexto de tensão crescente entre Israel e Irã, que lançou 200 mísseis contra o território israelense em 1º de outubro. Israel ameaça responder à agressão de Teerã.
A guerra em Gaza começou após a incursão, em 7 de outubro de 2023, de combatentes que mataram 1.206 pessoas no sul de Israel, a maioria civis, e capturaram 251 reféns, dos quais 97 ainda estão em cativeiro, segundo contagem da AFP com base em dados oficiais israelenses.
Na ofensiva de represália de Israel contra Gaza, 42.603 palestinos morreram, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
Com informações da AFP
Originalmente publicado por RFI
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