Além de Serra, Roberto Jefferson e Kassab querem carona no golpe de Temer. Por José Cássio

Atualizado em 25 de abril de 2016 às 16:37
Eles
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Depois de aniquilar as pretensões de José Serra de ter Andrea Matarazzo como candidato a prefeito de São Paulo, o governador Geraldo Alckmin conquistou uma nova vitória parcial sobre o senador tucano com a intenção de atrapalhar seus planos de disputar a presidência pelo PSDB em 2018.

Para alcançar seu objetivo, Geraldo usou o seu pupilo e vitorioso na prévia tucana: foi João Doria quem primeiro ouviu da nata do PIB nacional, reunida neste fim de semana no encontro do Lide, em Foz do Iguaçu, e após sinalizou a Brasília que o setor não aceita o senador paulista no comando da Economia num eventual governo comandado por Michel Temer.

Temer comunicou a Serra a sua decisão na noite de domingo e deu a ele algumas alternativas: os ministérios da Saúde, Educação ou algo na área de infraestrutura.

Serra descartou a saúde por dois motivos.

Falta de recursos, já que a perspectiva de recriação da CPMF está descartada, e também porque alega que não pretende concorrer com ele próprio.

No entendimento do senador tucano, dificilmente conseguiria repetir em um ano e meio o mesmo desempenho alcançado durante o período em que comandou a pasta no governo de Fernando Henrique.

Serra pode então optar pela Infraestrutura ou, mais provável, aceitar a vaga na Educação.

No PSDB, é dado como certo o seu desejo de embarcar na aventura golpista de Temer e do PMDB, ainda que o partido decida, em reunião da Executiva Nacional que vai acontecer na terça-feira, 03/05, pela punição aos rebeldes.

A Serra não restaria outra opção senão arriscar. Ele só não contava que o seu plano de torna-se o “czar” da Economia, como FHC com Itamar Franco em 1993, fosse dar com os burros n´água.

Seu plano B, que seria o Plano A de Alckmin, que gostaria de tê-lo como candidato ao Governo de São Paulo, por ora está fora de cogitação: Serra passou a vida se preparando para ser presidente e, na sua última disputa (em 2018 terá 77 anos), não pretende aceitar prêmio de consolação.

Quem também negocia cargo no ministério de Temer é o mandachuva do PSD, ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro de Dilma, Gilberto Kassab.

Kassab quer ser candidato ao Governo de São Paulo e por isso teria preferência por continuar no ministério das Cidades, onde poderia continuar correndo o interior e distribuindo convênios para prefeitos e vereadores de pequenas cidades.

O capitão do mato Romero Jucá, que foi líder de FHC, Lula e Dilma no Senado, já avisou que não tem ambiente para se manter na função – Temer ficou de pensar num espaço para ele no governo.

Outro que ressurge na cena nacional sob Temer, após um longo e tenebroso inverno, é o delator do “mensalão”, Roberto Jefferson.

Jefferson, que foi condenado por corrupção a 7 anos de prisão em 2012 e teve a pena perdoada em março pelo STF com base no decreto presidencial do indulto natalino, reassumiu o comando do Nacional do PTB. Vai atuar como defensor de Temer e um dos articulares do governo junto à base parlamentar no Congresso.

Na linguagem do futebol, um jargão simplório bastante conhecido diz que o jogo só acaba quando termina. Temer e seus golpistas estão desconsiderando a máxima em relação ao governo Dilma – Geraldo e seu grupo no PSDB também.

Na contagem deles, o terceiro tempo já começou.