As mortes causadas pela polícia de São Paulo aumentaram 78% nos primeiros oito meses de 2024, com dois terços das vítimas sendo negras, segundo um levantamento do Instituto Sou da Paz. Das 441 pessoas mortas pelas forças de segurança no período, 283 eram negras, o que representa 64% do total. Esse aumento de 84% na letalidade contra pessoas negras reforça a desproporção racial nas mortes decorrentes de ações policiais.
Rafael Rocha, coordenador de projetos do Instituto Sou da Paz, destacou que “a letalidade policial tem cor, endereço e gênero”, com a maioria das vítimas sendo homens negros, especialmente nas periferias de São Paulo e na Baixada Santista. Ele alerta que, se essa tendência continuar, a população negra será cada vez mais impactada, ultrapassando sua representatividade de 41% na população paulista.
As regiões de São Paulo e Santos registraram os maiores aumentos de mortes entre negros. Na capital, o número de vítimas negras passou de 76 para 118, enquanto na Baixada Santista, as operações Escudo e Verão resultaram em 93 mortes. Segundo o Instituto Sou da Paz, essas operações contribuíram diretamente para o aumento da letalidade policial nessas áreas.
Carolina Ricardo, diretora-executiva do Sou da Paz, afirmou que o aumento da letalidade policial está ligado ao esvaziamento de programas de controle do uso da força pela Polícia Militar. Ela criticou o abandono de medidas, como o uso de câmeras corporais, que contribuíam para a redução das mortes, especialmente entre a população negra.
Acerca disso, a Secretaria da Segurança Pública do estado, sob a gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), argumenta que as mortes são resultado da reação de suspeitos às abordagens policiais e que todas as ocorrências são investigadas.
A pasta destacou que investe continuamente em capacitação e na aquisição de equipamentos de menor potencial ofensivo para tentar reduzir a letalidade.
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