Pastoras usam Bíblias de R$ 400: a ostentação evangélica é tudo, menos cristã. Por Nathalí

Atualizado em 28 de outubro de 2024 às 15:46
Pastora com “Bíblia de luxo”. Foto: Reprodução

A moda entre as pastoras evangélicas é uma Bíblia dourada que custa 400 reais (cada um ostenta como pode).

Embora espalhem a narrativa de que defenderão a moral, os bons costumes e os fetos, a corja que hoje explora fiéis e interfere na política nacional não está preocupada com outra coisa senão encher os bolsos de dinheiro.

Não é preciso ir longe para confirmar a informação: a própria teoria da prosperidade é autoexplicativa.

Quer dizer: Jesus multiplica os pães e os peixes para matar a fome de seu povo, e as pessoas que hoje dizem falar em seu nome simplesmente criam uma teoria segundo a qual “Deus quer que sejamos prósperos.”

Talvez Deus queira que a pastora use uma Bíblia cara e brega enquanto seus irmãos passam fome — eu acho, na verdade, que nem mesmo ela acredita nisso.

O problema é que a igreja evangélica (e a bancada evangélica, consequentemente) ousa falar “em nome de Deus” para defender seus interesses sórdidos.

A conduta evangélica no Brasil é tudo, menos cristã.

Jesus disse aos homens que, se não resistissem à vontade de tocar uma mulher, que cortassem fora suas mãos. Seus pseudo seguidores, ao contrário, culpam a mulher por qualquer abuso ou violência que ela sofra.

Jesus destruiu templos — vamos confessar, o cara era foda — e hoje aqueles que dizem segui-lo constroem suas megaigrejas imponentes com o dízimo dos fiéis.

Então, não, não é cristão ter uma Bíblia de 400 reais, e isso não é romantização da pobreza; é apenas uma questão de coerência.

Jesus disse aos ricos que doassem tudo aos pobres, e não que enriquecessem às custas de fiéis ingênuos.

Eles vão à igreja, pregam moralismo barato, reproduzem narrativas discriminatórias e insistem em dizer que a prosperidade está ligada ao cristianismo, quando sabemos que este é um conceito puramente burguês.

Eles exploram, enganam, violentam. Estão no Congresso Nacional apenas esperando a hora certa de dar o golpe final.

O projeto neopentecostal é claro: conquistar fiéis com narrativas cujo background é sempre o ódio (geralmente às mulheres e à comunidade LGBTQIAPN), ocupar cada vez mais cargos políticos e decidir o futuro do Brasil — um país laico — com base em seus dogmas, defendendo os próprios interesses e ganhando muito, mas muito dinheiro e poder.

As pastoras a quem suas Bíblias de R$400 nada ensinam sabem que não servem ao Deus que dizem servir, a menos que (e isso não me surpreenderia) nunca as tenham lido.

Enquanto isso, criminosos imbuídos dos ensinamentos dos evangélicos destroem terreiros de candomblé e casas de umbanda.

Então, não, eu não estou escrevendo um texto de intolerância religiosa, porque intolerância é o que fazem conosco, pessoas do axé, e com todas as minorias.

Sim, cada um que professe sua fé da maneira que preferir, mas liberdade religiosa é abissalmente diferente de ter permissão para explorar fiéis para ostentar uma Bíblia de 400 reais.

Essas pastoras não são cristãs, são exploradoras da fé, que não fazem questão de disfarçar que seu Deus é, na verdade, o dinheiro.

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