A crise diplomática entre Brasil e Venezuela chegou a um novo patamar nesta semana com a publicação de uma imagem pela Polícia Nacional Bolivariana que parece direcionar críticas ao presidente do Brasil, Lula (PT). Na postagem, que mostra a silhueta de um homem com barba e cabelos grisalhos ao lado da bandeira brasileira, a legenda enfatiza: “Não aceitamos chantagens de ninguém”.
Embora o nome de Lula não seja mencionado, a semelhança é inconfundível, e a publicação foi acompanhada da hashtag “Quem mexe com a Venezuela se dá mal”, além de marcar Diosdado Cabello, um dos principais líderes chavistas. A tensão entre os dois países se intensificou após o Brasil vetar a entrada da Venezuela no grupo dos BRICS, decisão que provocou uma série de reações duras de autoridades venezuelanas.
Diosdado Cabello, atual ministro do Interior e importante figura do regime, tem se pronunciado frequentemente contra figuras do governo brasileiro, embora o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, mantenha uma postura de distanciamento das críticas diretas a Lula.
“Nossa Pátria é independente, livre e soberana. Não aceitamos chantagens de ninguém, não somos colônia de ninguém. Estamos destinados a vencer”, diz a publicação que ainda conta com emojis de bandeira da Venezuela.
Em paralelo, o governo venezuelano convocou seu embaixador em Brasília para consultas após declarações do ex-chanceler brasileiro Celso Amorim, que chamou a resposta venezuelana ao veto de “desproporcional”.
Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional e aliado de Maduro, foi além, sugerindo que o Legislativo declare Celso Amorim, assessor para assuntos internacionais da Presidência da República do Brasil, “persona non grata” por sua “posição absolutamente prostrada aos desígnios do império agressor”.
Rodríguez se referiu a Amorim como um “mensageiro do imperialismo nort e-americano” e fez eco às críticas de Maduro ao Itamaraty, que ele acusa de atuar sob influência do Departamento de Estado dos EUA. o presidente venezuelano chegou a rotular um diplomata brasileiro de “fascista”, aumentando o tom de sua retórica.
As acusações do governo venezuelano vêm na esteira de uma eleição presidencial em julho que manteve Maduro no poder sob suspeitas de fraude e questionamentos da comunidade internacional. O veto brasileiro ao ingresso da Venezuela nos BRICS foi interpretado como um posicionamento contrário ao governo chavista.
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